23 de abril de 2024
ABZ PLATAFORMA

O munícipio de Timbaúba dos Batistas, localizado na região do Seridó, ganhou menções em revistas, jornais, sites e redes sociais depois da divulgação do nome de Helô Rocha, estilista potiguar cujo trabalho está associado ao saber das bordadeiras seridoenses, como também a rende bilro da Vila Ponta Negra, como autora do vestido usado por Rosângela Silva (conhecida carinhosamente por Janja) e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A bordadeira Valdineide Dantas protagonizou um vídeo publicado no Instagram de Lula, filmado em 19 de abril como parte dos registros sobre o casamento. Quem não acompanha o noticiário sobre moda e celebridades, passou a conhecer os detalhes da união entre as estilistas potiguares Helô Rocha, Camila Pedrosa e as bordadeiras do Seridó. Valdineide há seis anos dedica-se ao design de bordado junto às estilistas potiguares. Já se vão mais de 50 vestidos, um deles para atriz para atriz Ísis Valverde. No caso do vestido e lembranças do casamento de Lula e Janja, Helô Rocha passou o tema escolhido pela noiva: Luar do Sertão. Nascia constelações de estrelas que maravilharam o Brasil. “Fiz a criação do design e bordei também”, a bordadeira, que junto a mais 5 artesãs dedicaram 45 dias de trabalho para a confecção das peças bordadas com motivos sobre a paisagem do sertão e céu estrelado.

O desenvolvimento do vestido começa na escolha do tema. No caso de Janja, Helô passou o motivo escolhido pela noiva. Valdineide passou a criar estrelas, cactos. Definido o esboço dos desenhos, estilista e bordadeiras passam escolher técnicas de bordado, tecidos, linhas e demais itens da confecção. A internet, diz a bordadeira, uma é aliada importante no trabalho sem fronteiras entre o região e universal. Cada processo é acompanhado por toda equipe, artesãs, estilistas e, claro, a noiva. Sobre o momento em que a noiva finalmente aparece vestida na cerimônia, o sentimento de ansiedade dá lugar ao orgulho. “É muito gratificante participar de um momento tão importante e olhar para aquela peça e sentir o orgulho do nosso trabalho”, revela. Filha da bordadeira Ana Francineide Dantas e neta de costureira, Valdineide borda desde os 11 anos de idade. Ainda surpresa com a repercussão do vestido de Janja, a bordadeira não consegue pensar numa celebridade ou famosa que desperte um desejo especial de criação. “Eu fico muito feliz de fazer cada uma, tanto das noivas famosas e das que não são. Todas que querem o vestido exclusivo, um vestido com design de bordado. Eu fico feliz em fazer para todas, eu amo criar cada vestido. No meu processo com Helô, eu já fiz mais de 50 vestidos, cada um tem um risco, uma história diferente”, resume Valdineide.

ABZ Tribuna do Norte recebeu com exclusividade o vídeo da bordadeira Djeane Cristina no qual o ziguezague da máquina de costura pesponta o tecido ao movimento criativo da bordadeira e, então, entre estrelas, vai ganhando forma a frase “O Amor Venceu”, escolhida para ilustrar os presentes dos convidados. O fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stucket, esteve em Timbaúba dos Batistas, onde registrou o trabalho das artesãs na Casa dos Bordados. Considerando o simbolismo do nome dos noivos, pode-se afirmar, sem qualquer dúvida, que o saber da mulheres do Seridó e o criativo das estilistas potiguares Helô Rocha e Camila Pedrosa agora fazem parte da história do Brasil. Timbaúba dos Artistas, a cidade que se orgulha ser capital mundial do bordado, definitivamente cravou o nome na história da indumentária do Brasil. O amor pelo bordado venceu.

ENTREVISTA

HELÔ ROCHA

Estilista

TRIBUNA DO NORTE – Como é para um estilista o dia em que finalmente todo vai ver a noiva vestida?

Helô Rocha – Ansiedade e vontade de superar as expectativas da noiva principalmente e emocionar o noivo.

Como você lida com a expectativa?

Nosso objetivo é sempre superar as expectativas. Fazemos de tudo mesmo, até o último minuto para que isso aconteça.

O vestido de Janja Lula mostrou uma ligação já existente no seu trabalho com o bordado e a renda potiguar. Qual a sensação de poder reverberar um saber da mulher potiguar?

É uma satisfação indescritível. Poder ser porta voz dessas mulheres guerreiras e mostrar a beleza, sensibilidade e primor do trabalho delas, é uma honra e meu dever.

Ao conversar com Valdineide, percebi que o processo de desenvolvimento colaborativo. Você pode falar como se dar o processo criativo?

Totalmente colaborativo. Todos os envolvidos em todas as etapas são excelentes nas suas áreas, então como não ser? No caso da Patinha, passamos as referências de bordado, de desenho e ela vai criando com o traço dela e nos mandando, no caso de Alcilene, a gente imagina a riqueza dos pontos e ela vai criando dentro do nosso briefing. Mas todos os envolvidos são ouvidos e colaboram pra peça ficar perfeita, inclusive a noiva.

Quanto à emoção do noivo: o que disse Lula sobre o vestido?

Eu vi que ele ficou muito emocionado e nos agradeceu.

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