19 de abril de 2024
EUZINHO!

Irritando ABZ em dias apocalípticos sem Fernanda Young

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POR AUGUSTO BEZERRIL

@augustobezerril

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Segunda-feira do fim do mundo. Para completar o apocalipse que nos persegue, o domingo ruiu com a morte de Fernanda Young. Eu, que tenho hábito de reler livros, andei com o Efeito Urano – publicado numa série sobre os dedos das mãos – no criado (quase) mudo. Irritação! Acho que todo mundo vive meio numa irritação daquelas incapazes de dizer naquele programa “Irritando Fernando Young”,  exibido numa TV paga. Então, hoje Fernanda é uma pessoa do livro como o titulo e capa do primeiro livro que li da autora. Confesso que as páginas dos romances são recheadas de personagens, vistos da minha real,  irritantes. O que não impediu de devorar os livros do começo ao fim em exercício de sadomasoquista literário. Talvez explique, mais adiante, meses depois de uma noite (irritante) em João Pessoa, eu me dediquei a estudar romances libertinos. Até conheço uma pessoa que nasceu no mesmo dia que o Marquês de Sade. Creiam!  O que tem de Fernanda com isso?

Euzinho estava trabalhando em Jampa e, por ocasião de um evento, conheci uma pessoa. Conversamos sobre música, viagem, Pirenópolis, seres de outro planeta e plantas. A pessoa era de uma simpatia irritante. Eu ia da ironia ao monossilábico. Eu, mais outro colega, ganhamos uma carona dessa pessoa. Eu queria estar em Marte, mas meu amigo aceitou ir na porta de uma boate. A pessoa diz: vai entrar? Respondi que entrar na fila atrás daquela moça de vestido poás, eu me negaria. Irritação! O assunto virou astral e botânico. A pessoa me pergunta porquê nunca digo o nome, mas me refiro à uma pessoa. Respondi que uma pessoa pode ser uma planta. Depois de trocas de emails astrais e botânicos, eu entendi tudinho que Fernanda Young escrevia, falava na TV e aquela irritação do fim do mundo. Na vida real, eu percebi o que me incomodava na literatura da diva-escritora: Fernanda desnuda todas as monguices de uma gueixa. Ou aquele instante que recorremos a mexer no anel  ( quem usa) para não recorrer a um dos dedos da mão. Em Efeito Urano, Fernanda mexeu com o dedo médio.

Ao contrário de Fernanda que ia lá e, pá, falava, eu demorei a escrever sobre como a literatura e personalidade de Fernanda mexeram com meus miolos. Sem falar no estilo. Lembro de como Fernanda estava (vou usar um termo irritante) cool num desfile da Ellus na SPFW. Agora é tão o fim do mundo saber que a gente bem que poderia ter mais de Fernanda. Forever Young. Eu estou em pleno efeito Urano. Ou será outro astro.

A capa do livro riscado é uma prova de como a transgressão da escritora habita nossas vidas. As pessoas e os livros tem vida.

 

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