25 de abril de 2024
ABZ LAB

Dono da Off White e Diretor criativo da Louis Vuitton, Virgil Abloh deixa legado além moda

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POR AUGUSTO BEZERRIL

@augustobezerril

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A semana começa com a surpreendente e triste notícia da morte do Virgil Abloh. De repente, posts, reportagens e depoimentos apresentam ao mundo o legado do estilista cuja marca vai muito além da moda. Primeiro negro a ser diretor criativo da Louis Vuitton, Abbloh é influente nas artes visuais, ativismo, música e comportamento. Alguém escreveu: “Virgil é o negro mais poderoso dentro do grupo mais poderoso da moda“. Traduzindo: a grife Off White, fundada por Virgil, passou para o grupo LVMH. E o estilista passou a condição de membro do conselho da corporação de luxo. Para quem começou como DJ e soube tirar lições na vida de filho de imigrantes do Gana nos Estados Unidos,  é um grande feito. A história conta, porém, que Virgil é muito, muito e muito mais.

Virgil e Kanye West no final do desfile de Louis Vuitton

Para entender Virgil é preciso despir dos exageros. Não, ele não é pai do stretwear e muito menos um novo Andy Warhol. Como estilista, ele resgatou os moletons, calças utilitárias e tênis robustos próprios da comunidade negra americana dos anos 70, que haviam sido confiscados para o repertório da comunidade branca nas décadas seguintes. Numa outra sacada, Abbloh apropriou-se de faixa de pedestre e outros símbolos cotidianos vertendo em produtos de arte e arte. Fica clara aí a influência Marcel Duchamp. O mais incrível é saber, hoje, que o interesse do americano por artes se deu a partir de uma provocação racista de um professor que teria dito. “Você não tem DNA para isso”, disse o tal sujeito ao recém-formado engenheiro e aluno do Master em Arquitetura. A arte aproximou Virgil de Kanye West e da moda. Antes de lançar OFF White, Virgil e Kanye mudava a frequência da primeira fila de desfiles. A moda acostumada com modelos negros na passarela, viu negros celebridades na primeira fila.

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Ao se tornar diretor criativo da Louis Vuitton, a passarela nas cores de arco-íris do desfile de estreia sinalizou uma cultura além do restrito pensar de fashionistas empoeirados. O casting negro, ao invés de moletons e looks esportivos, usou alfaiataria colorida e de luxo. Noutra sacada de genial, Abloh traduzia para o público da maison uma estética comum no continente africano. Antes de criar ranço pela chamada couture, é importante lembrar que Abloh existiria sem LVMH. Porém é bem feliz observar que uma corporação tenha sensibilidade em mudar paradigmas. Uma das ações ações entre o estilista e o grupo francês prevê milhões investidos na formação de jovens negros. O legado positivo de Virgil Abloh é tão instigante, que para o bem dos leitores, é melhor fazer do texto um sinal para novas pesquisas. Estamos falando de um cara capaz de conectar desde Caravaggio à Princesa Diana, colaborar com marcas tal Nike e ter clientes como Rihanna e qualquer que vai comprar um tênis na 25 de março.  De todo exagero que pode-se dizer sobre Virgil que ele é verdadeiramente sem igual.

Fotos Acervo ABZ Tribuna do Norte

 

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