27 de março de 2024
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O "diagnóstico" de Sandro Pacheco sobre o turismo potiguar

Excelente, como era de se esperar, a análise de Sandro Pacheco sobre o atual momento do turismo do RN. Ex secretário-adjunto de Turismo de Natal, ele atualmente responde pela gerência comercial do Natal Mar Hotel.
O texto de Sandro Pacheco ficou longo para um veículo como um blog, mas vale a pena perder (na verdade, ganhar) um tempinho e analisar linha por linha, palavra por palavra.
“A queda do turismo no Rio Grande do Norte é fruto da falta de um plano de governo. Nos últimos dez anos, nós tivemos vários gestores e, para a maioria deles, o calendário de feiras de turismo era o “planejamento” das ações de divulgação.
Outro ponto é a busca constante de mídia espontânea como a única forma de divulgação ao mercado. O mundo competitivo de hoje exige um plano de mídia profissional constante e perene. A mídia espontânea, como diz a palavra, é “espontânea”.
A maior perda que tivemos nos últimos anos foi a descontinuação dos voos charteres. É muito mais barato manter um voo, do que após os prejuízos pela falta de apoio institucional do destino, fazer operadores pensarem em restabelecer a rota para Natal.
Tivemos voos semanais da Escandinávia, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal e Itália. Que duravam todo o ano ou períodos importantes de até seis meses. As mesmas empresas europeias, apesar da crise econômica, continuam voando para o Caribe e outros destinos.
O problema cambial é fato, mas aconteceu e acontece em vários países nos dias de hoje. Se moeda forte fosse um problema o Reino Unido não tinha turistas.
Natal tem problemas crônicos de acesso. Nossas rodovias, porto e aeroporto estão carentes de investimento. Nossas praias estão abandonadas e sem infraestrutura adequada de mobilidade, segurança e salvamento.
Outro grande problema, pela falta do Plano de Governo, é a constatação que não temos novidades nos produtos turísticos e aqueles que temos sofrem o abandono, como o caso da Fortaleza dos Reis Magos.
Não temos postos de informações turísticas na cidade e, na época digital, um portal turístico digital condizente com o potencial turístico de nossa cidade e nosso Estado. Falta-nos sinalização turística também.
Questões ambientais não são examinadas sob a ótica da sustentabilidade, mantendo a preservação, gerando ganho social e econômico. Isso faz com que percamos oportunidades de investimento privado, desviando estes investimentos para outros estados.
Basta evidenciar que temos uma rodovia dentro da cidade, destinada para construção de empreendimentos turísticos (Via Costeira), onde não se pode construir, gerando insegurança jurídica.
Uma atração turística única do Brasil, o passeio de dromedários, em Genipabu, que após anos de exploração da atividade, gerando impactos mínimos, está em vias de ver seus recursos inviabilizados.
Temos o maior parque urbano natural do Brasil, mas que ainda não possui um Plano de Manejo que permita uma nova entrada pelo lado da Via Costeira.
Temos um local perfeito para viabilizar uma marina, que não é regulamentado, e pelo andar das discussões da proposta de regulamentação, não permitirá a utilização da área, deixando o mato e o abandono do local. Perdemos uma oportunidade de gerar empregos e atrair investimentos para a área.
Por fim, faltou continuidade, planos de médio e longo prazo. Graças ao Prodetur do Estado teremos alguma novidade no horizonte, mas se continuarmos sem apoio político não teremos como crescer num futuro próximo.”
Sandro Pacheco

Sandro Pacheco e Emanuelle Barreto, do Vila do Mar

4 thoughts on “O "diagnóstico" de Sandro Pacheco sobre o turismo potiguar

  • Mauricy Terra

    Também achei excelente esse diagnostico.
    Concordo com quase tudo que ele disse.
    A perda dos voos charters foi em parte consequencia do mau tratamento que se deu ao turista estrangeiro aqui em 2006-2007, quando alguns chegaram até a ser mandados embora. Os europeus continuam viajando para o Caribe e para outros destinos da América do Sul ou mesmo do Brasil.
    Natal está com o turismo na descendente porque a cidade está muito mal cuidada. É a capital com a orla mais bonita mas a mais degradada. Além disso os preços estão mais elevados do que nas demais capitais do nordeste.
    De fato a Via Costeira é um caso sui generis. Acredito que ela tenha ajudado a desenvolver bem o turismo na cidade, mas não se permite construir mais.
    pois qualquer construção que se faça vai impedir a vista da paisagem. Na minha opinião era preferivel fazer hoteis com muitos andares e mais compactos do que hoteis de 3 andares e estendidos e que impeçam por um longo trecho a vista do mar. Acredito até que o melhor seria ter feito a construções do hoteis do lado da duna. Mas hoje não tem mais remédio.
    Quanto a marina acho que a mesma traria para a cidade o turismo de alta renda, mas não sei se o Rio Potengi seria a localização adequada. Embora não seja entendido no assunto, na minha opinião existem outros locais aparentemente melhores e menos criticos do ponto de vista ambiental.
    Resumindo, como em tudo nesta cidade e neste estado, o que falta é um planejamento estratégico. Ainda se trabalha de uma maneira muito amadora e não se vê um rumo para as ações para melhoria.

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  • Murillo Felinto

    Muito lucido este diagnostico, se não houver uma união de todos os seguimentos que são beneficiados com o Turismo dificilmente o nosso RN retomará o projeto de ser um destino turístico.
    Estamos vivendo o nosso pior momento, outros Estados estão avançando, temos que aproveitar um Secretário como Ramzi Elali e dar todo o apoio e juntando forças fazer para que nosso RN tenha um projeto para reverter esse momento tão critico.
    Temos também que aproveitar esse ano de eleições para conquistar compromissos dos nossos candidatos para que haja um comprometimento para uma atenção maior em cima dos nossos corredores turisticos que anda tao sofridos devido a falta de recursos que vivem hoje as Prefeituras dos Municipios turisticos do nosso Estado.
    Outra grande preocupação é com a Segurança Pública, para uma cidade turistica não se adimite o que ocorre quase que diariamente na Praia do Meio, em Ponta Negra e na Pipa.

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  • neide

    Quando morei em Natal, a cidade era muito visitada por estrangeiros, mas não havia muitas informações disponíveis em inglês na internet.
    Criei, com recursos próprios, o site http://www.natal-brazil.com/
    O site logo tornou-se referência sobre a cidade na língua inglesa; não há nenhum outro site sobre Natal mais visitado na internet.
    Procurei as Secretarias de Turismo tanto de Natal como do RN buscando algum tipo de apoio: mapas, fotos, material informativo, etc.
    A Secretaria Estadual me ignorou completamente; a Secretaria Municipal ao menos teve a gentileza de receber-me, apenas para informar-me que a cidade já dispunha de um site, e por isso não tinham interesse em divulgar outros.
    Sem apoio, abandonei o site; vários estrangeiros ainda me solicitam informações por email, mas em número bem menor do que há alguns anos.
    Não me arrependo de ter investido tempo e dinheiro para criar o site, acho que ele foi muito útil tanto para divulgar a cidade como para orientar visitantes; mas quando constato o próprio Governo não tem interesse no fomento do turismo, acho melhor direcionar meus recursos para outras atividades.

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  • paulo Lucena

    Natal precisa mudar a cara. Se o forte é litoral, vamos investir mais nisso. Dizer que Natal tem a orla mais bonita é bairrismo irracional. Esse sempre foi o nosso defeito. Vamos cuidar da orla, porque atualmente ela perde em tudo para Maceió e Aracaju. E como perde.

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