19 de abril de 2024
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Betinho Rosado volta a defender que Rosalba deixe o DEM

Por Allan Darlyson, O Poti
“O DEM vai escolher entre ser um pequeno partido ou se juntar a outro maior”

Apesar de defender a ida da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) para o Partido Social Democrático (PSD), o secretário estadual de Agricultura e Pesca, Betinho Rosado (DEM), afirmou, em entrevista a O Poti/ Diário de Natal, que ficará no Democratas, porque a governadora – que é sua cunhada – não atendeu a sugestão. “Eu acompanho Rosalba Ciarlini. Fico no partido em que ela estiver”, declarou. Mesmo permanecendo na sigla, Betinho disse que só vê duas alternativas para o DEM se manter na política brasileira: se transformar em um partido nanico ou se fundir com o PSDB. O secretário também lamentou o fato de não poder concorrer à prefeitura de Mossoró e frisou que o processo de sucessão daquele município será conduzido em conjunto, pela prefeita Fafá Rosado (DEM) e pela governadora. O deputado federal licenciado adiantou ainda que Rosalba Ciarlini planeja fazer um reordenamento administrativo, após as eleições de 2012, para preparar o governo para disputar a reeleição em 2014.

Secretário, o senhor defende a saída da governadora Rosalba Ciarlini do DEM para o PSD. Quais vantagens o senhor vê que a governadora teria no novo partido?

A regra política do Brasil, nesses 100 anos de República, é de que os parceiros políticos se ajudam mais fortemente do que ajudam aos adversários. Portanto, o Rio Grande do Norte na eleição passada deu 52,46% dos votos à governadora Rosalba Ciarlini. E 51,76%, à presidente da república, Dilma Rousseff (PT). O Rio Grande do Norte mostrou que quer essas duas mulheres comandando, uma o Brasil e a outra o estado. Como o Rio Grande do Norte tem uma parceria com o governo federal, o apoio político e a aproximação com Dilma atenderiam ao reclamo popular, à vontade das ruas.

O senhor já tentou sair do DEM antes. Com essa oportunidade, mesmo que Rosalba permaneça no partido, o senhor vai sair da legenda?

Não. Eu acompanho Rosalba. Como ela disse que vai ficar no Democratas, então eu fico também.

Mas sua vontade seria migrar para o PSD?

Já externei essa vontade várias vezes. É interessante respeitarmos a vontade do povo. Se o povo decidiu que quer Rosalba e Dilma governando juntas, Rosalba poderia fazer isso indo para outro partido.

Não é de hoje que o senhor tem afinidade política com o governo federal. Quando era deputado federal, o senhor já votava com o governo…

Votei, inclusive, muitas vezes em Lula para presidente da república…

Tendo em vista que o senhor decidiu permanecer no DEM para acompanhar Rosalba, como o senhor avalia o momento atual da legenda?

O DEM ainda existe porque o senador José Agripino assumiu a presidência nacional do partido. Se ele não tivesse assumido o comando, o DEM já teria o atestado de óbito assinado. O DEM tinha uma base forte em Santa Catarina; no Rio de Janeiro, com César Maia; na Bahia, com Antônio Carlos Magalhães; e em Pernambuco, com Marco Maciel. As bases de Pernambuco e Santa Catarina já foram embora. A da Bahia está dando declarações na imprensa o tempo tudo dizendo que está examinando as possibilidades porque o DEM não tem futuro. Nesse processo todo, só há a certeza de permanência da base do Rio de Janeiro. E, naturalmente, a base do Rio Grande do Norte, mas até pelo tamanho do estado, não é importante em nível nacional, embora tenha lideranças como senador José Agripino, que assume um papel importante e estratégico dentro do partido.

Então qual é o futuro que o senhor vê para o DEM?

O partido vai escolher. Ou vai ser um pequeno partido, com pureza ideológica, assim como o Psol e outros partidos, ou vai se juntar a um partido maior. No caso de o partido escolher a fusão, o caminho é a união com o PSDB, após as eleições de 2012.

Para o senhor, o Brasil está no rumo certo, com esse terceiro governo do PT?

Os oito anos de governo Lula foram espetaculares para o Brasil. As taxas de crescimento, a inclusão social foi muito forte. Também foi forte no governo Fernando Henrique Cardoso, que, com a superação da inflação, incluiu 15 milhões de brasileiros no mercado de consumo. Já o governo de Lula fez um número muito maior do que esses 15 milhões entrar no mercado de trabalho. O governo Lula pega uma arrancada de crescimento da sociedade. Tudo começou com Collor, quando ele chamou os carros brasileiros de carroças e abriu o mercado brasileiro para os produtos do exterior. Mas o governo Lula contribuiu muito para o crescimento do País, principalmente também com os investimentos no ensino de terceiro grau, o que Fernando Henrique não fez. Tenho certeza que Dilma continuará esses avanços.

Por que o senhor trocou o mandato de deputado federal pela Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca?

Quando me candidatei a deputado federal, me propus a representar o povo do Rio Grande do Norte e exercer, em nome do povo, uma ação pública que construísse e possibilitasse uma melhor qualidade de vida às famílias do nosso estado. Pelo fato de ter sido eleito e ter uma representação popular, o governo do estado me convidou para ser secretário. Entendo que, nesse momento, consigo produzir mais para as pessoas às quais represento como deputado do que como secretário. Por isso optei pela secretaria.

Nesse período como secretário, o que o senhor já conseguiu realizar?

Nós estamos tocando os projetos da Agricultura. Como temos um período muito curto, de quatro meses, já conseguimos fazer a distribuição das sementes, que era um programa que precisava ser feito e pagamos a parte do seguro rural referente à seca de 2010, pois o governo passado não depositou a parte dele e os agricultores prejudicados com o período estavam esperando. Naturalmente, estamos aqui projetando ações para serem implementadas durante os quatro anos do governo da doutora Rosalba Ciarlini.

Quais as metas do senhor à frente da secretaria?

Minha meta é expandir o agronegócio. Isso significa que, por exemplo, nós temos uma produção de duas mil toneladas de peixes por ano. Queremos passar para quatro mil por ano. Queremos que a área irrigada aumente 7 mil hectares no governo da doutora Rosalba Ciarlini. São metas desse tipo que apresentamos à governadora para desenvolver. E naturalmente também desenvolver os rebanhos ouvino, caprino e bovino. Poderemos desenvolvê-los 20% acima do que temos hoje.

O senhor pretende passar os quatro anos do governo Rosalba Ciarlini à frente da Sape ou tem planos de voltar para a Câmara Federal?

Eu tenho um compromisso com a governadora para esses dois primeiros anos de governo. Passada a eleição de prefeito, nós vamos ter um reordenamento, que é o caminho da governadora. Ela vai executar as tarefas planejadas, mas naturalmente olhando dentro de sua administração para a reeleição do governo. Então, nesse momento, não só os da Secretaria de Agricultura, mas todos os cargos comissionados, que representam a execução do governo, serão repensados pela governadora Rosalba Ciarlini.

O programa do leite, de responsabilidade da sua pasta em parceria com a Secretaria Estadual de Habitação e Assistência Social (Sethas), passa por alguns problemas nesse início do governo Rosalba. Inclusive, há uma defasagem no pagamento aos produtores. Como o senhor está tratando dessa questão?

Nesse momento, todas as quinzenas de 10 de janeiro deste ano até 18 de maio estão pagas. Nós estamos absolutamente em dia com o programa do leite. Agora, permanecem as dívidas de quatro quinzenas deixadas pelo governo passado, no valor de R$ 8 milhões. Essas quinzenas não conseguimos pagar.

E o governo Rosalba Ciarlini, secretário? Nesses quatro meses de gestão, os pontos mais marcantes foram as greves. Como o senhor avalia esse início da administração?

Os primeiros meses de todo grupo que chega ao governo são usados para planejamento, organização da Casa. A oposição, como não pode falar mal do governo no primeiro dia, estabelece 100 dias para começar a criticar. O início de Rosalba é como o início de todos os governos. É como o início do governo de Dilma, o início de todos os governantes que estão chegando. É a mesma situação da Paraíba e dos outros governos que estão começando.

Essas greves geram desgaste para o início da gestão?

Toda greve é muito ruim. Mas o governo tem mostrado aos grevistas as dificuldades que tem para atender as reivindicações salariais.

O nome do senhor é colocado como possível candidato a prefeito de Mossoró nas eleições de 2012. Mas há um impedimento judicial para sua candidatura. O processo de sucessão em Mossoró ficará a cargo da prefeita Fafá Rosado (DEM) ou da governadora Rosalba Ciarlini (DEM)?

A sucessão será conduzida pelas duas em conjunto e o candidato que elas apoiarem será favorito para vencer as eleições em Mossoró. Eu queria ser o candidato a prefeito, mas não posso. A lei eleitoral diz que parente até segundo grau do governante não pode ser candidato. Eu sou parente de segundo grau por afinidade, pois sou irmão do marido dela. Então não posso ser candidato. Só poderia se ela renunciasse ou se divorciasse (risos).

Betinho e a cunhada governadora Rosalba Ciarlini