23 de abril de 2024
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Casos de Aids entre jovens aumentam mais de 50% em 6 anos no Brasil

Segunda-feira (1º) é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, uma doença que infelizmente ainda precisa ser lembrada. O doutor Dráuzio Varella explica porque a Aids voltou a assustar e preocupar: “Houve um aumento absurdo dos casos de Aids entre os jovens nos últimos anos. Neste sentido, o Brasil vai na contramão do que acontece em outras partes do mundo”, afirma.

O aumento é de mais de 50% em seis anos. “O principal motivo é o comportamento sexual dos jovens. Acham que hoje ninguém mais morre de Aids, que se pegar o vírus é só tomar remédio e está tudo bem. Está tudo bem, não. É uma doença grave. Vai ter que tomar remédio a vida inteira. A Aids é uma doença grave, que causa sofrimento e não tem cura”, alerta.

Desde 2006, os casos de Aids nos jovens entre 15 e 24 anos aumentaram mais de 50%, o que quer dizer mais jovens soropositivos. No resto do mundo, o número de novos casos de HIV entre os jovens caiu 32% em uma década. Por que estamos indo na contramão?

“A gente não deixa de transar porque não tem camisinha”, conta um jovem.

“A rapaziada de hoje em dia, não pensa muito nisso”, diz outro jovem.

Hoje é possível saber em menos de 20 minutos se você está ou não infectado com o HIV. Um teste rápido, que pode ser feito de graça na rede pública de saúde, disponível para qualquer um. Não precisa marcar hora: é chegar e fazer.

Na última década, 34 mil jovens contraíram o vírus da Aids. Basta um deslize, uma única vez sem preservativo para se contaminar.

Mas se transar sem camisinha, como Rafaela, você sabe o que fazer? Não adianta você esquecer de usar camisinha e sair correndo para fazer o teste. O exame leva 3 a 4 semanas para ficar positivo. Em vez disso, procure a rede pública para receber o tratamento preventivo, os remédios que vão evitar que o HIV penetre o organismo. Não é para fazer isso todo fim de semana. É uma medida de emergência, que deve ser tomada no máximo 72 horas depois do contato sexual. Passou de 72 horas é tarde demais. O tratamento dura um mês, e os remédios devem ser tomados todos os dias, rigorosamente. Falhou, perdeu o efeito.

Esses remédios de emergência, chamados de profilaxia pós-exposição, ou PEP, estão disponíveis da rede pública, mas pouca gente sabe. No ano passado, foram usados pouco mais de 20 mil kits de PEP em todo o país.

“Existe hoje uma falsa sensação de que a Aids está controlada. Que a Aids não existe mais. Porque não estamos mais vendo na mídia grandes ícones falecendo com essa doença”, diz Fernando Ferry, clínico geral especializado em Aids do Hospital Gaffrée Guinle, no Rio de Janeiro.