25 de abril de 2024
Política

Editorial: A Guerreira deixa saudades

Por Heitor Gregório

A partida de Wilma Maria de Faria, ocorrida na quinta-feira (15), Dia de Corpus Christi, deixa uma lacuna na política do Rio Grande do Norte. Se foi uma das principais forças políticas da nossa história recente. Líder populista, que arrastou multidões pelo RN afora, surpreendeu em muitas de suas decisões e vitórias. Elevou a mulher a um papel importante no Rio Grande do Norte.

O título de ‘Guerreira’ lhe foi dado por Cassiano Arruda Câmara, coordenador de marketing de sua campanha à Prefeitura de Natal de 1988. Foi uma percepção perfeita da imagem de uma mulher que desbravou e assumiu uma liderança incontestável na política potiguar, sendo a primeira Deputada Federal, primeira mulher a assumir a Prefeitura de Natal – cargo que ocupou por três vezes – e ainda primeira Governadora do Estado, sendo eleita em 2002 e reeleita em 2006. Ao brilhante currículo soma ainda os cargos de vice-prefeita e vereadora de Natal, que em nada diminuíram sua trajetória.

Dona Wilma nasceu para enfrentar e vencer batalhas. Assim foi também na vida pessoal, quando não teve nenhuma dificuldade de assumir em um tempo de tanto conservadorismo sua separação de Lavoisier Maia, pai dos seus quatro filhos: Márcia, Lauro, Cíntia e Ana Cristina. Porém, o respeito entre ambos foi permanente, mesmo quando se enfrentaram nas urnas, em 1994, na disputa pelo Governo do Estado.

A Guerreira tinha um estilo único de fazer política. E muito além do vermelho, a cor que marcava suas campanhas entoadas por Fafá de Belém. O comando das disputas eram sempre dela, estendidos também para as gestões que exerceu, até chegar a amplitude e grandeza do Governo do Estado, onde poucos fatos fugiram do seu olhar.

Na segunda-feira passada, dia 12 de junho, fui ao quarto em que ela estava internada no Hospital São Lucas. Me recebeu e foi logo perguntando se eu estava bem. Lúcida, conversou comigo pelos minutos que permaneci lá. E externou o desejo de ir à Festa de Sant’Ana de Caicó, como fazia todos os anos por devoção à avó de Jesus Cristo.

Nos últimos anos, costumeiramente eu conversava com Dona Wilma, para saber as novidades e aprender sobre política. De testemunhas, algumas vezes, o companheiro dela, José Maurício, e as assessoras Isabel, Telma ou Elaine. Quando ocorria no final da tarde, a conversa era regada ao café com tapioca de ‘Neguinha’, escudeira dela de todas as horas.

O Rio Grande do Norte está triste. Saudades do trabalho da Guerreira, o povo já tinha, agora será maior. Quem olhar para a Ponte de Todos Newton Navarro enxerga o Governo Wilma, assim como para a Ilha de Sant’Ana de Caicó, a Ponte da Ilha de Macau, a revitalização da Av. Rio Branco em Mossoró, a expansão da UERN com a criação do curso de Medicina e ainda a Refinaria Clara Camarão em Guamaré.

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