19 de abril de 2024
Estado

Mulheres potiguares emitem nota ao Governo do RN sobre aumento de feminicídio no Estado durante isolamento

NOTA DAS MULHERES POTIGUARES AO GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Não se pode ter uma sociedade justa, digna e de paz quando suas cidadãs não contam com o Estado para a sua proteção. Não é justo, não é digno e não é pacífico em tempos de isolamento social, comum a todos, sem distinção de classe social, raça, credo ou gênero, que a violência contra as mulheres se agrave, sendo praticada, muitas vezes, por seus esposos e companheiros afetivos, tolhendo o direito básico humano: o direito à vida.

O Rio Grande do Norte figura no ranking nacional entre os quatro estados da federação cujos índices de feminicídio cresceram nesse período de isolamento social, atingindo 300% a mais no mês de março, em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (COINE), órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública do RN, revelou também um crescimento nos índices de violência contra a mulher da ordem de 8,8% de fevereiro deste ano em relação ao mês de março deste ano. No entanto, quando paramos para observar esse aumento de casos de violência contra a mulher de forma local, nos deparamos com uma realidade ainda mais preocupante!

Municípios da Região Metropolitana de Natal como São Gonçalo do Amarante registraram um aumento de 177%, Macaíba 175%, Arês 150%, Monte Alegre 100% e Ceará-Mirim 85,7% (todos fazem referência ao aumento em março de 2020 em relação a fevereiro de 2020).

Outro indicador se apresenta como termômetro desse aumento de violência doméstica e familiar contra a mulher em nosso estado: as medidas protetivas também cresceram da primeira quinzena para a segunda quinzena de março, alcançando um acréscimo de 22,7 %, segundo dados dos Juizados da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Natal. A necessidade do confinamento, o aumento do nível de stress e consumo de bebidas alcóolicas neste período de pandemia também são fatores que explicam os drásticos índices de violência e feminicídio no RN e no Brasil.

Diante de todos esses fatos apresentados, vozes femininas, que se propõem levantar a grita das mulheres potiguares por segurança e proteção, no que tange serviços de acolhimento e abrigamento de mulheres e dependentes em situação de violência com risco iminente de morte, viemos cobrar do Governo do Estado do Rio Grande do Norte que se posicione com firmeza, responsabilidade e altivez, efetivando uma necessidade premente, urgente e há muito tempo deficiente em nosso Estado, a implantação de uma Casa Abrigo Estadual, quando somente a cidade do Natal dispõe de tal equipamento, notadamente insuficiente para atender tamanha demanda da Região Metropolitana de Natal, quiçá dos demais municípios do Estado do Rio Grande do Norte.

Permanecer com os braços cruzados já não é mais opção para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. A implantação de uma Casa Abrigo Estadual é a única resposta prática, tangível e aceitável daqui por diante para garantir a salvaguarda das vidas de um sem número de mulheres potiguares desprotegidas e que, independente de pandemia e isolamento social, permanecem convivendo em seus lares com um vírus mais letal que o COVID 19: o vírus do machismo e da intolerância, que humilha, violenta e mata milhares de mulheres no nosso estado e país.

MULHERES POTIGUARES PELA VIDA

Ildete Mendes Silva de Souza
Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM
Fórum de Mulheres do RN

Analucia Azevedo da Silva
Vice-Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM

Andréa Ramalho Pereira de Araújo Alves
Secretária Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Natal

Ana Valquíria de Souza
Andrea Vieney Rodrigues de Oliveira
Arivalda Bezerra da Silva
Eliete Ferreira de Oliveira
Maria Helena Rodrigues Pacheco
Mariana Tomaz Pedrosa
Miriam de Oliveira Inácio
Mônica Alexandre da Silva
Roberta Daniele da Costa Silva
Membros do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM

Sandra Maria de Góis Silva
Associação Mulheres de Axé – AMA

Auxiliadora Jarlene de Medeiros Borba
Defensoras Legais Populares
Fórum de Mulheres do RN

Shimeni C. Cshid Dias
Alexandra Beatrice de Trindade Costa
Liga Brasileira de Lésbicas

Maria Gorette Gomes
Coordenadora Geral do Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes – GAMI

Clivaneide Garcia da Rocha
Marlene Silva de Freitas
Milca Cassimiro de Souza
Vanusia Damasceno
Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes – GAMI

Maria da Luz Carlos Silva e Silva
Defensora Popular
Fórum de Mulheres do RN

Ana Lúcia Barbosa
Maria das Graças Nascimento Dantas
Cidadãs Positivas

Liane Ramos de Souza
Miriam Glória Sobral de Pinto
Associação de Moradores de Ponta Negra e Alagamar

Ana Cecília Jomes Machado
Fórum de Mulheres

Edinelza Jones da Silva
Federação Estadual de Conselhos Comunitários do RN

Cristina Dantas
Federação Municipal de Entidades Comunitárias de Natal – FECNAT

Dagmar Francisca da Silva
Magda Teixeira
Promotoras Legais Populares

Gisele Dantas
Articulação Nacional de Saúde em Direitos Humanos

Cláudia Gazola
Grupo Autônomo de Mulheres Coletivo Leila Diniz

Jenair Alves
Coletivo de Mulheres Negras As Carolinas

Rafaela Brito
Grupo de Percussão Batuque de Mulheres