16 de abril de 2024
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Ricardo Motta diz que o PMN torce para que haja uma união do PSD com o governo Rosalba

Do Diário de Natal/O Poti, edição deste domingo (12)

Liderado político da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), o presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ricardo Motta (PMN), manifestou, em entrevista a’O Poti/Diário de Natal, simpatia pela pré-candidatura do deputado federal Rogério Marinho (PSDB) à prefeitura de Natal. No entanto, frisou que a escolha do nome que será apoiado pela sua legenda dependerá de conversas internas do partido e da definição da governadora. “O PMN apoiará a candidatura que nosso sistema político indicar. Nós fazemos parte de uma coligação que tem a governadora Rosalba Ciarlini como comandante. O PMN haverá de ouvir também internamente nossos companheiros. Rogério Marinho é um excelente nome, como outros que também pleiteiam”, declarou. O parlamentar também comentou a desistência da filiação ao PSD aos “45 minutos do segundo tempo”, a pré-candidatura do filho Rafael Motta (PP) a vereador de Natal, os desafios da Assembleia Legislativa para 2012, a onda de violência que Natal enfrenta hoje e a preparação da cidade para a Copa de 2014.Confira a entrevista:

O ano passado foi decisivo para o senhor politicamente. O senhor chegou a compor a comissão provisória do PSD, mas, no momento final, decidiu permanecer no PMN. Por que essa decisão?

Minha amizade com o vice-governador Robinson Faria está acima de questões políticas. Eu, como presidente do poder legislativo, preferi ficar num partido que tivesse autonomia. Não pretendia me filiar à legenda do vice-governador, que faz parte do Executivo. Queria uma legenda desvinculada do governo, para ter autonomia. Se tivesse ido, ficaria subordinado ao Executivo. Então, optei pela independência. Mas, em nenhum momento isso abalou minha amizade com Robinson. Foi isso que ocorreu. Existe uma afinidade, uma amizade entre nós. Não ocorreu mudança de rumo. Minha decisão foi para preservar a independência dos poderes. Isso ocorreu em anos anteriores, quando Robinson saiu do PFL e fundou o PMN noRN. Ele, por meio da sua competência, fez com que fosse um dos maiores partidos do estado.

Por que então o senhor deixou para decidir ficar no PMN somente no momento final, e não desde o início, quando Robinson o convidou para o PSD?

Participei desde o início do processo de criação do PSD, com os deputados Raimundo Fernandes, Vivaldo Costa, Gesane Marinho, todos os deputados daquele grupo. Mas, em seguida, numa análise mais profunda, vimos que poderíamos trabalhar em partidos distintos, o PMN como o PSD. Infelizmente, houve desdobramentos, que foi o rompimento do PSD com o governo. Daí, o PMN não teve nenhuma participação nisso. Pelo contrário. O PMN torce para que haja uma união entre os dois.

O PMN vai apoiar a candidatura do deputado federal Rogério Marinho a prefeito de Natal?

O PMN apoiará a candidatura que nosso sistema político indicar. Nós fazemos parte de uma coligação que tem a governadora Rosalba Ciarlini como comandante. O PMN haverá de ouvir também internamente nossos companheiros. Rogério Marinho é um excelente nome, como outros que também pleiteiam. Todos eles estão capacitados para receber nosso apoio. Mas é um assunto para ser discutido internamente pelo PMN, sem perder a sintonia com a governadora.

Mas hoje a tendência do apoio do grupo é por Rogério?

Pelo que tenho acompanhado, é por Rogério. Já conversei com ele. Eu tenho certeza que ele prefeito dará uma grande levantada na administração municipal. Mas existem outros nomes que pleiteiam ser candidatos que também têm condições.

O senhor acredita que Rogério Marinho tem densidade eleitoral para segurar a candidatura até as convenções?

A campanha não começou. A campanha não está deflagrada. Somente o futuro dirá. Aqui houve uma época em que Geraldo Melo tinha 3% das intenções de voto e foi governador do Rio Grande do Norte.

Quando o tema são as eleições de 2012, DEM, PMDB e PR falam em formação de bloco onde for possível compor. Deixam o PMN de fora da aliança. O seu partido está sendo excluído das articulações?

Não. De forma nenhuma. O PMN está em perfeita sintonia. O PMN está afinado com o sistema, com os partidos co-irmãos. Na verdade, houve uma reunião prévia entre eles em Brasília. Mas, o PMN está afinado. Tenho a convicção de que eles contam com o PMN, da mesma forma que o PMN também conta com eles.

Como o senhor define sua relação política e institucional com o governo hoje?

Eu diria que excelente. Tudo que temos pleiteado do governo, o governo tem sido sensível. Da mesma forma, a Assembleia Legislativa mostrou que é parceira do governo e acima de tudo do Rio Grande do Norte. Todas as mensagens do governo, praticamente, foram aprovadas, depois de discutidas. Tivemos várias matérias neste ano. A Assembleia tem sido solidária com o governo. E digo mais: a recíproca é verdadeira. O governo do estado não tem nos faltado. Espero que essa parceria, amizade e cordialidade continuem até o final da legislatura.

O senhor disse que a recíproca é verdadeira, mas o que se vê na Assembleia Legislativa são reclamações dos deputados da base, por falta de espaço no governo e emendas não liberadas. A recíproca é mesmo tão verdadeira?

A gente não pode dar aquilo que não tem. Foram liberadas algumas emendas. Outras não foram, muitas vezes até por falta de projeto. Se você tem em sua casa uma empregada que merece ganhar mil reais, mas sua receita só dá pra pagar R$ 700, você só vai pagar o que pode. Quando a receita melhorar, você paga o que ela merece. É assim a situação do governo. Esperamos que, neste ano de 2012, o governo saia do sufoco e possa contemplar os deputados, com indicações e liberação de emendas. Isso é o que tenho escutado da governadora.

Quais os desafios da Assembleia para este ano?

Não existem desafios maiores, porque estou lá há muitos anos. Já passei por vários períodos eleitorais. Esse é um ano eleitoral. Tenho certeza de que as sessões serão normais, com boa freqüência dos deputados, apesar de estarem fazendo campanhas nos municípios. Com a volta do horário das sessões pela manhã, a disponibilidade de tempo será maior. E os debates também serão freqüentes. Acredito que muitos assuntos políticos serão abordados. Também continuaremos realizando audiências públicas sobre temas importantes para a sociedade, como a Copa de 2014, a segurança, as estradas e outros assuntos. O desafio maior foi neste primeiro ano, por causa dos planos de cargos e salários e os movimentos grevistas. Acredito que o governo tem uma perspectiva real de superação dos problemas do ano passado. Com isso, deveremos ter uma Assembleia menos congestionada. Essa é a nossa perspectiva. É o que sinto.

Com o ano eleitoral, haverá uma força-tarefa para votar os projetos prioritários do Executivo neste primeiro semestre, tendo em vista que no segundo semestre os deputados deverão se dedicar às campanhas eleitorais no interior?

Não acredito nisso. Vamos votar de acordo com o que for chegando. Mesmo estando em período eleitoral, as reuniões das comissões e as sessões ocorrerão normalmente. As audiências públicas talvez sejam encurtadas. Mas, nas comissões não. Não creio que haja descontinuidade do trabalho legislativo.

A cidade de Natal vive hoje uma onda de violência. A Polícia Militar já contabiliza mais de 70 assaltos neste ano. Como a Assembleia Legislativa se posiciona diante dessa situação? O que pode ser feito para mudar esse quadro?

A Assembleia acompanha esse quadro com bastante preocupação. Estamos sentindo isso no nosso cotidiano. Mas, estamos vendo também o aumento no efetivo policial nas ruas. Foi uma determinação da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e do comandante da Polícia. A governadora também chamou os policiais cedidos a outros poderes para retornar às ruas. AAssembleia será parceira mais uma vez do governo neste sentido. Vamos nos reunir para abordar esse assunto. Estamos vendo com muita preocupação, mas estamos vendo que o governo vem tomando todas as providências cabíveis.

O senhor disse que a Assembleia Legislativa se preocupa com a situação da segurança pública. Por que, então, a Casa não veio a público se posicionar em relação a essa onda de violência?

Veja bem, a própria Assembleia Legislativa votou sobre a questão dos agentes penitenciários, dos policiais civis… As galerias estão sempre lotadas. A Assembleia em nenhum momento foi omissa. Mostrou a sua cara e está pronta para colaborar. Vamos ter uma conversa, inclusive, sobre os servidores cedidos à Assembleia. Já pedi para fazer o levantamento e com certeza no início dos trabalhos teremos essa definição.

É um número muito alto?

Não. Existe uma rotatividade muito grande. Recentemente, abortamos um assalto que teria a caixas eletrônicos. A Assembleia é colaboradora do governo do estado, sobretudo no quediz respeito à segurança do cidadão.

O senhor acha que essa decisão da Assembleia de entregar os policiais cedidos pelo governo deveria também ser tomada por outros órgãos?

Claro que será. O Executivo terá essa conversa com outros poderes. Tenho convicção de que os outros órgãos vão colaborar. Claro que resguardando também a segurança de suas instituições. No caso da Assembleia, já mandei fazer um estudo para ficarmos com o mínimo de condições possível para funcionar e colocar os demais à disposição da Polícia Militar.

Nesta década, os órgãos fiscalizadores têm descoberto vários escândalos de corrupção. Um exemplo recente é o caso do desvio de recursos dos precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Que atitudes o senhor tem tomado para prevenir a corrupção na Assembleia?

Respeitamos muito a independência dos poderes. O judiciário está tomando suas providências no caso dos precatórios. Nós, na Assembleia Legislativa, temos nosso controle interno, a procuradoria, a comissão de advogados permanentes… por tanto, não tenho preocupação neste sentido com a Assembleia Legislativa. A Casa tem o seu poder investigativo interno para evitar eventuais distorções ou irregularidades.

Em visita a Natal, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que existe a possibilidade de Natal receber a Copa de 2014 sem as obras de mobilidade. Qual a posição da Assembleia em relação a isso?

Nós estamos dois meses avançados no cronograma do estádio. Mas, claro que o problema da mobilidade tem que ser resolvido. Quem mora aqui sabe o que enfrenta. A solução do problema da mobilidade é tão importante quanto a construção da Arena das Dunas e a preparação da rede hoteleira. Eu quero externar a satisfação do poder legislativo ao ânimo que o ministro tem dado ao Rio Grande do Norte.

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) tem encontrado dificuldades para realizar as obras de mobilidade que são de responsabilidade do governo. Como a Assembleia pode ajudar neste sentido?

A Assembleia Legislativa pode ajudar reivindicando empenho dabancada federal, dentro dos nossos limites, também por meio da imprensa. Tenho certeza de que a nossa bancada tem sido sensível aos interesses do Rio Grande do Norte. Nós faremos uma das copas mais bonitas, como disse o ministro Aldo Rebelo. A Assembleia é a voz, é o carro de som do povo potiguar. Cada órgão tem que fazer sua parte. Tanto a prefeitura quanto o governo do estado. Conversando com o secretário Demétrio Torres (da Secopa), recebi dele a resposta de que estamos rigorosamente em dia, tanto na questão do estádio quanto em relação às obras de mobilidade.

A imagem do legislativo brasileiro diante da sociedade é negativa. No caso específico do RN, o que o senhor fará para melhorar essa imagem?

Tenho participado de reuniões no Brasil todo sobre Assembléias Legislativas. A nossa tem sido um modelo nacional. Foi a que mais fez audiências públicas no ano. Recebeu o prêmio do Ministério da Justiça por causa das ações no combate às drogas. Nossa TV recebeu premiação do Ministério Público pela mesma causa. Nossa Assembleia é exemplar. Várias vêm aqui para observar nossas ações e levá-las para outros estados. Então, a imagem da Assembleia é bastante positiva. Estamos no caminho certo. Vamos fazer com que cada vez mais nós possamos fazer os potiguares se orgulharem do nosso poder legislativo, que já nos orgulha no Brasil inteiro.

A imprensa nacional tem criticado a submissão do Congresso Nacional à presidenta Dilma Rousseff (PT). Na visão do senhor, existe submissão também do legislativo potiguar em relação ao governo do estado?

Não. De forma nenhuma. O que ocorre é que, antes de o governo fazer o encaminhamento, chama a Assembleia para discutir as mensagens que serão encaminhadas. É o que não ocorre no caso de Brasília. No caso do Import-RN, por exemplo, antes de ser encaminhado foi debatido com o legislativo e as classes produtoras do Rio Grande do Norte. Foi algo que de tão debatido se tornou consensual. Apenas dois deputados não votaram a favor. Em Brasília, não. As coisas funcionam de outra forma.

Hoje, o presidente estadual do PMN, deputado Antônio Jácome, é muito próximo da prefeita de Natal, Micarla de Sousa. Existe a possibilidade de o partido apoiar uma eventual candidatura dela à reeleição?

O PMN faz parte de uma coligação liderada pela senhora governadora do RN. Nós não seremos dissidentes da governadora. Respeito a posição do deputado Antônio Jácome, o mais votado do estado. Mas, não existe nenhuma definição neste sentido. É uma posição unilateral do deputado. O PMDB, por exemplo, até ontem fazia parte da gestão de Micarla. No momento oportuno, o PMN vai ouvir todos os partidos da coligação e, capitaneados pela governadora, tomar sua posição.

O governo do estado aparece com mais de 50% de desaprovação popular. A que fatores o senhor atribui esse índice negativo?

Atribuo às dificuldades. Não vou analisar a gestão passada. Todo mundo sabe como a governadora pegou o estado. Como ela poderia com o orçamento de 2011 pagar dois? Quitar as dívidas de 2010? Então é difícil. Mas, vejo um verdadeiro holofoteno final do túnel. Tenho certeza de que o governo vai deslanchar. Vem muitos investimentos por aí. Várias indústrias chegarão. Já estão chegando. Uma grande indústria já se prepara para se instalar no RN por causa do Import-RN.

Qual a posição da Assembleia em relação à posição da presidenta Dilma Rousseff de vetar os recursos para a construção de um novo porto de Natal?

A Assembleia vê com preocupação. Mas, eu digo com certeza que faremos essa ampliação, nem que seja com recursos da iniciativa privada. A própria receita gerada com o Import-RN será para o porto.

Presidente, neste ano o seu filho, Rafael Motta, será candidato a vereador em Natal. Como será sua participação na campanha?

Ajudarei no que puder. Estarei com vários companheiros candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. Claro que vou colaborar no que for possível. É meu filho. Vejo com legitimidade o desejo dele, que sempre foi um entusiasta. É uma coisa que ele quer, tem vocação. O povo haverá de julga-lo. Se ele for merecedor da confiança do povo, tenho certeza de que será, sairá vitorioso.

Por que o senhor não o filiou ao PP e não ao PMN?

Porque naquele momento estava em cima do prazo eleitoral e eu estava indefinido. Política se faz com a razão, com a cabeça. Naquele momento, vi que o PP, até por ser um partido coligado, achei por bem coloca-lo lá. É normal. A deputada Gesane Marinho, por exemplo, é do PSD e o irmão é do PMDB.

Há uma articulação para a deputada estadual Gesane Marinho voltar ao PMN?

Que seja do meu conhecimento, não. Mas, o que posso dizer é que ela está afinada com o governo. Isso ela tem demonstrado em todas as entrevistas, votações e tem participado das reuniões da base. Que ela está afinada com o governo está.

Quais as metas do senhor para este ano na Assembleia?

Realizar o que não foi possível realizar no ano passado, como o concurso público, o memorial, o painel eletrônico, a integração eletrônica de teleconferências, promoção dos servidores e expansão do ILP. Com esses projetos, acredito que chegarei onde almejo, que é dar mais dinamismo e transparência aos trabalhos legislativos.