29 de março de 2024
Política

Gustavo Rosado nega ilicitudes e diz que respeita o trabalho do MP

Do Jornal DeFato, em Mossoró:

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, 22, o ex-secretário municipal Gustavo Rosado, de Cultura de Mossoró, prestou esclarecimentos a respeito da Operação Anarriê, deflagrada na última quinta-feira, 17, e que investiga possíveis desvios de recursos públicos durante a realização do Mossoró Cidade Junina (MCJ) nos anos de 2013 e 2014.

Apontado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) como um dos chefes de ‘organização criminosa’ que atuava no MCJ, ao lado do empresário Tácio Garcia, Gustavo Rosado passou cinco dias no CDP de Apodi cumprindo prisão temporária.

Na entrevista, o ex-secretário negou qualquer ilegalidade na realização do MCJ, mas evitou confrontar o MPRN, dizendo sempre que o órgão ‘está cumprindo com o seu papel’.

Gustavo Rosado apresentou argumentos sobre a utilização de aditivos, valores dos cachês dos artistas, conversas gravadas pelo MPRN, entre outros pontos que fazem parte dos procedimentos investigatórios.

O ex-secretário disse acreditar que o depoimento que ele deu na quinta-feira passada tenha sido o suficiente para esclarecer todas as dúvidas que o MPRN tinha. “Mas me coloco à disposição para qualquer informação que o MP possa precisar. Não tem só obrigação, mas interesse de fazer isso”, adiantou.

Gustavo Rosado afirmou não ter dúvida que, ao final das investigações, será comprovado que não houve da parte dele nenhuma tentativa de subtrair dinheiro público e nem ser o mentor de uma operação que ele desconhece totalmente.

ADITIVOS

Gustavo Rosado relatou que em seu depoimento o que mais levantava suspeita para o MP era a realização de dois aditivos que, somados, totalizam mais de R$ 2 milhões (valor apontado como o desviado pelo MP).

O ex-secretário destacou que o aditivo é um instrumento legal que tem que ser discutido entre o contratante e o contratado. “Alguns áudios que o Ministério Público me apresentou, em que eu discuto com Tácio Garcia a necessidade desse aditivo, eu estou fazendo o que a lei recomenda. Que seja discutida com a contratada a necessidade se fazer o aditivo. Não existe nenhuma irregularidade nesses contatos com o contratado”, argumentou.

Gustavo Rosado disse ainda que os aditivos, como a licitação original, são feitos na Secretaria de Administração e não na Cultura, e que a maior necessidade para sua utilização foi a contratação de grandes atrações que não estavam na programação inicial do evento em razão da cobertura da Globo Nordeste, sendo Paula Fernandes em 2013 e Gabriel Diniz em 2014. “O aditivo de 2013 foi principalmente pela necessidade de se contratar Paula Fernandes, pois não sendo um nome que a Globo considere de peso, eles desistem de Mossoró e vão fazer em outras cidades. O mesmo aconteceu em 2014”, garantiu.

CHEQUES

Gustavo Rosado falou que os cheques nominais a Clézia Barreto e Riomar Mendes foram utilizados para o pagamento dos cachês do elenco do espetáculo Chuva de Bala e também para aderecistas, costureiras, eletricistas e outros profissionais envolvidos na realização do evento. “É muito fácil constatar essa afirmação porque todos os atores do Chuva de Balas são mossoroenses. É só pegar o valor que está no recibo e procurar pra saber se eles receberam aquele valor. Não há nisso nenhuma irregularidade. Não houve aí nenhum desvio.”, afirmou.

CACHÊS – Sobre o comparativo feito entre os cachês pagos em Mossoró e em Caruaru (PE), o ex-secretário disse que existem vários fatores que precisam ser observados. Um deles é o interesse das próprias bandas de tocar em Caruaru, ‘considerado o maior São João’.  Gustavo Rosado acrescentou que o dia de apresentação da banda também interfere no valor do cachê, como também exigências feitas pelos artistas e outras despesas que fazem parte do custo total da apresentação. “Esse assunto precisa ser tratado com muita delicadeza. Precisa ser esclarecido com muito detalhe”, observou.

Gustavo diz que Cláudia opinou sobre o social e Silveira sobre as bandas

Gustavo Rosado declarou que tanto a ex-prefeita Cláudia Regina (DEM), em 2013, quanto o atual prefeito Silveira Júnior (PSD), em 2014, acompanharam a execução do MCJ.

Segundo ele, a interferência de Cláudia Regina foi mais social, enquanto que Silveira Júnior atuou na escolha das atrações ‘por ter experiência com a realização de eventos’, justificou. “Cláudia nunca se envolveu em nomes de bandas. Nos prefeitos anteriores, as observações sempre foram muito pequenas. No caso de Silveira, ele conhece as bandas”, argumentou.

Gustavo Rosado afirmou ainda que não tem nenhuma preocupação com uma possível delação de Riomar Mendes. “Eu tenho certeza que qualquer relato que ele faça, ele vai reforçar o que eu estou dizendo. O meu zelo, o meu cuidado com a coisa pública”, assegurou.

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