19 de abril de 2024
Estado

Um trabalhador e aniversariante acidentado na Ribeira

Eram aproximadamente 20h15, quando eu passava na Av. Tavares de Lira, Bairro Ribeira, em Natal, voltando do trabalho. Eis que me deparo com um homem caído ao lado de uma motocicleta.

Parei, desci do carro e fui saber o que tinha acontecido. Uma outra motocicleta havia colidido com a da vítima, que gritava de dor já há 30 minutos, tendo o outro condutor fugido logo em seguida.

Uma maratona de ligações para o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência e Emergência (SAMU) foi feita. Até pelos dois policiais militares que chegaram rapidamente ao local e clamavam pelo socorro à vítima. O médico dava orientações, mas lamentava não ter ambulância a ser enviada ao local naquele momento, pois todas estavam com macas presas servindo de cama nos corredores do Hospital Walfredo Gurgel. Sugeriram até ligar para o Corpo de Bombeiros.

A cada minuto, a situação de Wellignton José Andrade Cavalcante Júnior se agravava. Ao perguntarmos a idade, veio a resposta que completava exatamente 23 anos no dia de ontem (11). Minutos após isso, uma convulsão.

O jovem estava trabalhando dignamente como motoboy quando foi acidentado. Se dirigia à Capitania dos Portos para fazer a entrega de um lanche.

Parecia um filme de terror.

Decidi clamar ajuda pelas redes sociais, quando já se aproximava de uma hora que o rapaz agonizava no chão. Surtiu efeito e uma ambulância apareceu, por uma mobilização da Secretaria de Saúde do Município de Natal. Já o Estado, ignorou, como se o problema da lotação do Walfredo proibindo o trabalho normal do SAMU não fosse dele. Repito: as macas estavam servindo de cama nos corredores da unidade hospitalar.

Aí meu pensamento continuou voltado a Wellington, que foi levado exatamente para o Hospital Walfredo Gurgel, como tem que ser as vítimas de acidente. E lá, superlotado como sempre. O caos anunciado quando ainda buscávamos o socorro.

Hoje o alívio de saber que Wellington já está em casa, após os guerreiros médicos do Walfredo constatarem que não será necessária nenhuma cirurgia.

Mas a preocupação continua e cabe uma pergunta: até quando vamos conviver com esse caos na Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte? Quem será a próxima vítima?

Foto: Heitor Gregório