16 de abril de 2024
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A COCA-COLA QUE FALTOU NA CPI DO SENADO

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O relatório da mais retumbante comissão de inquérito jamais conduzida durante uma pandemia, precocemente redigido, foi flexibilizado no penúltimo momento.

Para não dizer que não falaram dos  governadores e suas compras invisíveis, incluíram na undécima versão, o amazônida, boto desafeto do pajé necromante.

As acusações de crimes tão diversos e improváveis, como charlatanismo, pouco foram alteradas.                    

Em tempos outros, transgressão exclusiva de médicos trambiqueiros, exagerados na propagação de poderes extraterrenos, sendo os assemelhados, praticados por não graduados na arte da cura, tipificados como exercício ilegal da Medicina.

Sem ousar falar em prevaricação do douto e ilibado relator, no mínimo, houve o pecado venial da omissão e perda de oportunidade, ao não imputar ao acusado-mor, um delito cometido há um ano, na crista da onda primeira, tornado agora imprescritível,  pelo mais superior dos tribunais.

Tivesse o filho do super-homem, saído do armário, poucos  dias antes, o inquisidor-geral teria lembrado de fato amplamente divulgado, e o líbero do vôlei não estaria sozinho,  no caminho da compulsória  aposentadoria.

O tisunami pandêmico já vinha descendo a curva,  quando,  desviado dos mares  caribenhos,  o furacão El Capitán fez touchdown na ilha de São Luís, aglomerando multidão  e deixando no seu  rastro de polêmicas, uma de conteúdo sexual, que revoltou ativistas,  políticos e simpatizantes.

Desconcertante como é do feitio,  estilo e natureza, o rebelde sem causa e máscara, comprou briga com o combativo e colorido exército LGBTQIA+

Sem dar bolas para o politicamente adequado, em transmissão ao vivo pela TV estatal,  fez graça com um símbolo capitalista da indústria local.

O primeiro e único governador comunista, com nome e cara de simpático dinossauro, reagiu com indignação de bom ludovicense, esquecidas as ideologias.

Uma ruidosa galera subiu nas tamancas.

A infeliz associação de ideias homofóbicas com a tonalidade púrpura da bebida mais popular, ganhou o noticiário e por pouco, não motivou parada gay fora de época.

Fórmula secreta, criada pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes em 1927, o xarope não comprovou efeitos medicinais, mas a cor e o sabor caíram no gosto dos netos, antes do sucesso comercial sem igual.

Conquistou a torcida do Sampaio Corrêa e os fiés eleitores de José de Ribamar.

Os herdeiros do guaraná róseo venderam os direitos de propriedade do rótulo à The Coca-Cola Company.

Quando  a empresa-símbolo do capitalismo yankee anunciava, em consequência aos novos hábitos dos consumidores, preocupante redução dos seus negócios globais, a atitude do mandatário não só contribuiu para aprofundar a crise industrial e o desemprego, como carimbou e passou recibo do seu comportamento sexista e homofóbico.

A CPI perdeu a chance de espetar na faixa presidencial,  mais nódoas, privou os telespectadores dos canais de notícias, de tardes menos soturnas e não isentou o Guaraná Jesus de qualquer culpa pela opção de gênero anunciada, depois da refrescante degustação.

Virei boiola. Igual a maranhense.

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Arnaldo Degaspari (Arno) – Arquiteto e Designer paulista

A9DE6EF0-ECA2-49ED-9D87-8DA7208F3FC6Andy Warhol (1928 – 1987)

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Garrafas verdes de Coca-Cola (1961) – Andy Warhol – Museu Whitney de Arte Americana,Nova Iorque

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