23 de abril de 2024
Governo

A MILÍCIA RURAL AVISOU

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Corisco, 1907-1940

No vácuo  do poder oficial, organizações paramilitares se mobilizam para a garantia da segurança.

O filme que estreou nos estertores do século vinte nas periferias e favelas das grandes cidades, está em fase de produção, rodando suas primeiras cenas nas zonas rurais em todas as regiões brasileiras.

Saída de um penoso período de seca, o interior do nordeste brasileiro  começa a usar o mesmo remédio e não é difícil prever o que vem pela frente.

As atrações da vida urbana e a renda mínima para os desocupados esvaziou sítios e fazendas ao mesmo tempo em que a retomada do agronegócio faz circular, no meio rural, riquezas. E cobiça.

As imagens da vida bucólica no ambiente agrícola estão manchadas por violência e medo.

O mesmo negacionismo que não deixou ver a invasão das drogas aos pequenos povoados  e fez vistas grossas à atuação das organizações criminosas nos presídios, está abrindo porteiras para a violência desenfreada.

A universidade do crime forma em seus cursos nas comunidades das metrópoles, profissionais para diferentes áreas de atuação.

Os primeiros a chegar foram os assaltantes de bancos e agências dos correios. Quais bandoleiros saídos de estórias do velho oeste, arrombaram a boca do balão e explodiram caixas eletrônicos, num jogo pouco disputado  pelas forças policiais que têm perdido de goleada.

Apólices de seguros calam as reclamações dos prejudicados e finge-se que o problema é dos outros, com a resignação de quem também acredita  nas leis de Robin Hood.

A diversificação da nova atividade econômica clandestina atinge proporções escandalosas.

Relatos de assaltos a propriedades rurais já são rotina, sem provocarem a necessária indignação nem mobilização governamental.

Acuados, produtores estão se organizando na defesa do patrimônio e da vida.

Da vigilância privada, do patrulhamento coletivo, do armamento improvisado e das normas estabelecidas ao arrepio da lei,  para a formação de milícias, é um passo.

O que hoje é visto como solução, alguns invernos pra frente têm tudo para se transformar em outro problema de difícil solução.

A força que domina as favelas cariocas, monopolizando a prestação de serviços essenciais, começou com o fornecimento do que a sociedade pelos poderes constituídos não foi capaz de prover. O combate ao narcotráfico.

Serviços opcionais  convertidos em compulsórios.

Obrigatórios,  cada vez mais sofisticados e cobrados na moeda  extorsão.

Do transporte alternativo exclusivo em kombis morro a cima e a baixo, energia e água da gatobrás, TV a cabo, gás de cozinha, foram consequências naturais  dos ensinamentos de Isaac Newton.

Espaços ocupados e territórios defendidos também na representação política.

Os parlamentos já têm sua bancada, diluída em muitas outras, agindo nos subterrâneos do poder.

A segurança comprada hoje a retalho, do outro lado do balcão, evolui.

Vira patrulha.

Batalhões formam exércitos.

O fenômeno incipiente é um aviso claro.

Se nada ou o que tem sido feito continuar como está, na barbárie, vamos ouvir muitos Coriscos a gritar por todas essas capoeiras.

Mais fortes são os poderes do povo!

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2 thoughts on “A MILÍCIA RURAL AVISOU

  • Manoel Farias

    Belo texto. Tem que ser reproduzido muitas vezes, com autorização do autor, claro.

    Resposta
  • Jose thiago melo

    Defender seus próprios bens não pode nem deve ser considerado milícias, as milícias extorquem forçam ao pagamento todos. NA DEFESA DOS SEUS BENS É LEGÍTIMA DEFESA.

    Resposta

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