23 de abril de 2024
Imprensa NacionalJornalismo

A PARADINHA DO SEU JAIR


62794AE0-D7AA-4FDC-B6D2-853995FB11F1Todo santo dia ele faz tudo sempre igual.

E tantas outras coisas diferentes, que é difícil imaginar o que vai sair de trás das cortinas, d’aquela franjinha repartida de lado. E do alvoroço controlado.

Na porta de casa, um palácio de pé direito baixo, pessoas entusiasmadas à espera  do encontro não marcado, são brindadas com atenção, acenos, afagos, respostas e opiniões que vão ser das notícias mais importantes do dia, pauta das redações, assunto para  os blogs, sites, assemelhados e mote dos discursos dos parlamentares.

71ACA237-5DA4-4AB0-A356-9AB431852F56Com a saída repentina da caravana motorizada, os sismos secundários  continuam até que as placas tectônicas do jogo político se ajustem.  Ou surja outra notícia mais impactante, como uma escavadeira mal governada.

Às vezes causam mudanças no clima político e oscilações no mercado financeiro. Outras, expedição de algum bilhete azul ou receita de simancol ou se segura-ministro-malandro.

Quem discorda, argumenta que a banalização das entrevistas coletivas, desorganizadas, pra não dizer caóticas ou bagunçadas, são inadequadas à liturgia do cargo.

E deveriam ser evitadas ou banidas.

Solução muito simples.

A prática, considerada abominável, só é possível se houver o entrevistador.

E como diria a saudosa antecessora, por trás de toda pergunta sempre há a figura do perguntador.

Quem procura acha.

Quem escuta, ouve (com atenção) até o que não queria.

Imagens serão geradas, somente se as câmeras forem ligadas.

E o dito ao pé do ouvido, vira grosseria, se e somente se, gravado.

Apenas com o desinteresse, boicote ou paro, a conversa matinal revelar-se-ia (desculpem a primeira mesóclise em mais de 300 textículos) o que realmente é.

Papo que se joga fora na pabulagem com amigos e conhecidos.

Assunto de calçada de pé-sujo e botequim bunda-de-fora.

O paulista do interior, carioca aculturado nas quebradas e casernas de Deodoro e São Cristóvão, mesmo depois do up grade para a Barra, não perdeu o hábito de ser especialista em tudo.

Sempre com razão.

E sem egoísmo, socializa democraticamente com os parças, suas abalizadas elocubrações, como se faz, entre um gole de café (ou chope) e outro.

A primeira ideia que vem à cabeça, sai na bucha.

Liberada, sem edições, vaselina nem cortes.

Em estado bruto para depois ser lapidada pelos generais auxiliares de capitão.

E pela equipe econômica de um homem só. Isso quando o bombeiro, ele próprio, não bota mais gasolina no monturo.

Os teóricos poderiam amenizar os rompantes, considerando-os (as ênclises, são banais) como exercícios no processo criativo da formação do pensamento. Brainstorms.

Aos repórteres, com todo respeito, uma pertinente lembrança.

Há 620 anos, desde Gutemberg, o que faz de vocês, uns melhores que os outros, é o faro.

O furo é consequência.

One thought on “A PARADINHA DO SEU JAIR

  • Geraldo Batista de Araújo

    Inté no Carnaval as prosas estão ótimas. Para quem acorda como eu sem ressaca, é um ótimo aperitivo para começar
    o dia. Bom domingo para todos, gregos, espartanos e atenienses que são igualmente gregos.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *