A PARTE QUE FALTA NA MAÇÃ
A maior empresa de tecnologia do mundo envia aos seus usufrutuários, relatórios da participação nos seus negócios. O somatório do uso de cada um é sua grandeza.
Entre muitas informações, destaque que nos últimos sete dias, a cada 24 horas, seu produto de maior sucesso ficou nas mãos do destinatário, menos de duas horas.
Devem ter achado muito pouco.
Porisso a preocupação e o sub-reptício estímulo ao consumo, sem levar em consideração que provectos também viram adictos em tecnologia e que smartphones viciam.
Acompanha o demonstrativo, um alerta para o fraco desempenho e a lembrança que o cliente já foi muito mais participativo.
Em gráfico de powerpoint, tão convincente que parece feito por procurador de lava-jato, a vergonhosa redução de humilhantes 74% na média histórica.
O detalhamento mostra que as redes sociais consumiram quase a metade do tempo.
Não chega ao ponto de precisar quantas mensagens de agradecimento pelos votos recebidos de saúde, paz e felicidade no ano novo, foram postadas e se padronizadas, tomaram ou não menos tempo.
De leitura (que ao menos, tenha sido de coisas edificantes, de futuro), somente míseros 12 minutinhos.
A rolagem das telas e o vôo de águia sobre as manchetes dos jornais e blogs bem que explicam o fraco desempenho e o fiasco na fidelidade do ciberleitor.
A informação que toda a produtividade aferida foi realizada em 14 minutos, além de provocar uma súbita coceira retroauricular, deu margem para contestação.
É bem verdade que o período analisado, férias à beira mar e na casa da sogra, podem explicar mudanças nos hábitos de qualquer um.
O inexplicável é que a produção dos textículos, a razão de um por dia, continuou sem interrupções .
Como são produzidos a dedo indicador na telinha, das duas, uma.
Ou a escrita, tão rápida, atingiu o estágio de prestidigitação ou trata-se de lamentável mas aceitável engano de quem tem trabalho tão minucioso a fazer, enquanto todo mundo ainda curte a ressaca das festas de fim de ano.
Muitos desconfiam que aquele naco da fruta, arrancado à dentada, é utilizado pelos habitantes do vale do silício, para produzir sidra, uma das bebidas mais consumidas nesta época do ano.
É sempre bom lembrar que no Jardim do Éden, os infratores que deram as primeiras mordidelas na fruta proibida, ouviram a maldição repassada para a descendência e herdada por toda a humanidade, até estes nossos tempos digitais.
…. “ com dor, comerás dela todos os dias da tua vida.”