24 de abril de 2024
Política

A SOBERBA E O DEPUTADO

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O carnaval que não houve vai ser marcado por uma terça-feira gorda digna de entrar em retrospectivas e anais de ocorrências inesquecíveis.

O tempo dirá se tão lembrado quanto o da foto já amarelada por 26 anos, do presidente da república ao lado de uma modelo pretendente a atriz, descalça.

No primeiro ano da pandemia, sem desfiles nem apurações, o campeão de audiência foi um vídeo de produção doméstica de um deputado que a propósito de defender um general da reserva, criticado por memória publicada em livro, por ministro do mais alto tribunal, tornou-se um samba-enredo de exaltação à estupidez .

Muitos não percebem, mudanças acontecem. O Brasil também muda.

Igual estivesse, tudo teria acabado em cinzas como outras tantas extravagâncias das folias comandadas por Momo e Baco.

Quem sóbrio, sem flagrante delito de uma xixizada, ou número maior em via pública, sem ter passado a mão-boba na colombina, no retiro do lar, seria preso enquanto as cuícas ainda estivessem chorando, nas avenidas, o fim da folia?

Sem ressaca, sem recesso, sem expedientes enforcados, o processo andou. Atravessou a praça dos poderes supremos e obrou incrível milagre.

Quorum, poucas perorações, e votação rápida, sem corporativismo.

Num final de tarde de sexta-feira.

Será necessário mais de um comitê científico para explicar tanto fenômeno.

Os 31 mil cariocas que viram seu representante afastado e preso, não reagiram.  Como fizeram  com os outros eleitos que não cumpriram promessas nem mandatos.

As mesmas regras que elegem um candidato, à frente de outos 17 com votações superiores, valem para Chico e também  para Daniel.

Cobrador de ônibus, cabo de polícia, bacharel em direito, deputado federal.

Trajetória que poderia chegar mais longe, se enriquecida com trabalho e pela virtude da humildade, interrompida bruscamente pelo vício mais primitivo de todos.

A soberba é a mãe da arrogância, da falsidade, da hipocrisia e de outros pecados menores.

Finalmente livre do anonimato que sobreviveu  à performance da destruição de uma placa de homenagem fúnebre, é transformado em protagonista, por 15 minutos, de questionável fama.

A montanha de músculos anabolizados frustrou até os que  se identificavam com o pensamento tíbio e torto de quem entra na história sem saber o papel a desempenhar.

Diferente do esperado, falou fino.

Não repetiu nada do que havia dito há poucos dias. Não mandou mensagem para admiradores, liderados e seguidores.

Seu declarado arrependimento soou falso.

A súbita modéstia não apareceu entre tantas grosserias presentes na peça da colega relatora.

Mais que vítima de orgulho desmedido, o deputado que logo terá o perdão do esquecimento, é algoz do próprio atrevimento.

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