29 de março de 2024
Eleições

ADMIRÁVEL VOTO NOVO

 

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Paese Umbro (País da Úmbria), Gerardo Dottori (1932)


A pandemia já mostrou que há mais coisas entre o céu e a blogosfera do que pode imaginar nossa vã política.

A vida corre nas veias  dos  cabos de fibra ótica e por infovias misteriosas, mostram que nada será como antes, sem  talvez.

Há poucos anos, votar remotamente numa eleição nacional, mesmo que de uma entidade médica com número reduzido de sócios, era inovação de deixar o queixo nos joelhos.

As novidades chegam pra ficar.

O próprio parlamento já mostrou que grandes decisões podem ser tomadas a distância, sem prejuízos, sem cochichos.                  

Basta trocar a pressão das galerias e lobistas, pelo sentimento do eleitor mais próximo.

Sai o saguão do aeroporto,  entra o balcão da padaria, como lugar de encontro entre representantes e representados.

A análise calma dos documentos antes das votações e o sentimento do povo da vida real, evitam a manipulação nas contagens das mãos levantadas, as marias  vão com as outras e os resultados viciados pelos apáticos que imóveis, preferem ficar  como estão.

Ninguém precisa esperar pelo futuro. Ele chega sem tardar, não bate  à porta, nem aperta campainha.

A máquina do tempo não viaja para o passado.

Se o quadradinho que todos têm sempre à mão já substitui até o papel moeda, se o dinheiro troca de bolsos no estalar de um pix, como chorar o leite derramado pelas brejeiras que não voltam mais?

A experiência que fez muitos se sentirem habitantes de Orbit City, vizinho da família Jetsons, pode servir de exemplo para o próximo passo a ser dado no processo eleitoral.

Quase centenária, a  sociedade de especialidade médica costumava eleger seus dirigentes em escrutínios presenciais.                               

Na tradição republicana.

Com listas, cédulas, cabines, atas, presidentes, secretários, mesários e fiscais.                               

Horas nas longas filas e constrangimento de promessas de fidelidade a tantas chapas quantos colegas cabalassem com cumprimentos efusivos, na boca da urna.

Depois,  a fase do voto antecipado, pelo correio.

Cartas, sobrecartas, envelopes, carimbos, registros, ARs e o risco do voto inválido por atraso na entrega nas frequentes greves  dos carteiros, nunca adotado pela justiça eleitoral.

A novidade veio com  o que novos gestores, gurus das inovações, coaches  e mentores chamam de quebra de paradigmas.

Depois de campanha eleitoral eletrônica (sem impressos nem panfletos), por SMS ou e-mail, enviada uma senha por CPF cadastrado, e o  acesso ao site-urna-junta apuradora.

Em poucos toques e segundos,  o dever societário se completa e o resultado instantâneo é aceito, com clareza e democracia.

Por que não cumprir nosso dever cívico na escolha dos governantes, da mesma forma?

Na última eleição presidencial na Lituânia, mais de um quarto dos votos foram remetidos por telefones móveis.

As proconsults, smartmatics, intercepts e outras eternas vigilâncias são  os preços cobrados pela liberdade de escolher, em conforto e tranquilidade, quem nos governará.

De outros argumentos, não restam dúvidas.

Os custos, infinitamente menores.                                   

Domingo, dia de orações, churrascos, praias e pernas pro ar.

O sufrágio,  obrigatório ou não, sem ninguém reclamar do trabalho para  anular o voto.

Um dia, os netos do capitão votarão assim.

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Trasvolatore (Folheto) – Gerardo Dottori (1931)
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Crocifissione – Gerardo Dottori (1927)

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