25 de abril de 2024
Homenagem

ALUIZÍADAS

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Joanita Arruda e Aluízio Alves, campanha eleitoral em Nova Cruz (1968)


Foi  graças a
Nossa Senhora da Vinculação dos Votos, a primeira derrota do ídolo do menino que aos 8 anos participou da mais empolgante epopeia política, nunca repetida.

O milagre ocorrido há 39 anos foi também causa de diáspora familiar que custou a ser pacificada.

Hoje é dia de relembrar paixões.

E de reminiscências.

Da linha de produção de bandeiras, de todos os tamanhos e uma só cor,  ao crepúsculo fascinante de uma lenda.

Verde Esperança, tom nunca desbotado, exigência na pintura do primeiro fusca, prêmio pela aprovação no vestibular para o curso, no julgamento materno, de maiores méritos.

Memória rediviva desde os galhos de marmeleiro, cortados nas franjas da cidade, transformados em mastros das flâmulas para saudar os ciganos caravaneiros e, pregadas nas cumeeiras das casas, quebrar o sigilo eleitoral.

Reverberar hinos a plenos pulmões, paródias na ponta da língua, contando estórias, zombando oponentes. Previsão de dias melhores.

Pra sanar o sofrimento do povo, a plataforma de governo em versos e ritmos regionais, num carnaval democrático de frevos nunca esquecidos por quem um dia viu comícios enfeitados pelas mais belas e encantadoras senhorinhas da ala moça.

Lembranças jamais riscadas da memória da única testemunha de uma conversa da mãe, ex-prefeita, que confessava ao seu líder a decisão de não concorrer à nova eleição por ter certeza de não ser capaz de vencer o poderio econômico do adversário mas, finalmente,  convencida a manter viva a luta e a chama partidária.

Brasa nunca apagada, mesmo depois de uma campanha sem entusiamo e uma inédita e acapachante derrota, em todas as urnas.

Como esquecer da montanha de livros, de encher um quarto, comprados com pagamento antecipado, para ajudar o autor em fase de vacas magras, distribuídos, sem ódio e sem medo, até para quem nunca marcou nem a primeira das 40 horas de Angicos.

Lampejos que registram a presença nas vezes que o progresso ia chegando, tal prometido em repetidos discursos, no rádio que não mudava de estação.

A chegada da energia de Paulo Afonso ao Inharé, ainda longe de outros cruzamentos, onde meninos continuavam a brincar de filipina ao  primeiro brilho da luz do motor a óleo diesel.

As telefonistas do posto na ladeira da Rio Branco, avisando que da cabine  liberada, o resto do mundo estava a um alô.

A festa da entrega do hotel à beira-mar pra ser contada, para inveja dos conterrâneos que estudavam na capital pessoense.

A medida da dimensão do homem à frente do tempo foi confirmada nos últimos anos de vida.

A voz inconfundível não deixou que o diretor do hospital de urgência, pensasse em trote, quando recebeu o pedido de quem se apresentou, sem arrogância,  apenas como um amigo da família, já entendendo se não fosse atendido, para uma transferência de paciente do corredor superlotado para leito menos humilhante.

Ajudo um velho companheiro a quem muito devo.

Dona Joanita não teria perdoado o filho.

Aluízio Alves – Jingle (Eleições 1960 / Rio Grande do Norte)

Aluízio Alves – Jingle “Frevo da Gentinha” (Eleições 1960 / Rio Grande do Norte)

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