AMARGA LEMBRANÇA
Uma canção de John Denver (1943-1997) não deixa de viajar na bagagem de todo adolescente que vive a experiência de um intercâmbio cultural
Quando a saudade aperta, não há como não lembrar da balada.
“Country road, take me home, to the place I belong.” (Estrada rural, leve-me para casa, para o lugar a que pertenço).
(Publicação original em 26/05/2019)
DOCE SANGUEA intercambista adaptou-se muito rapidamente aos hábitos da família que a hospedou em Campina Grande.
De nada reclamava. Parecia gostar de tudo.
Principalmente da animação da cidade, da música de forró e das muitas festas por conta do período junino.
E da culinária.
Até já ganhara uns quilinhos a mais.
Comia de tudo e gostava em especial das sobremesas.
Depois de provada, uma iguaria que só de vez em quando era servida, virou seu doce predileto.
Tinha ainda alguma dificuldade com o novo idioma mas em pouco tempo, progressos na comunicação eram evidentes.
Interessou-se pelas receitas e passou a copiar todas que achava poder reproduzir em sua longínqua Minnesota.
Depois de se empanturrar de chouriço pediu pra anotar o passo a passo do seu preparo.
Quando compreendeu que o principal ingrediente do seu manjar era sangue de porco, correu pro banheiro já com o emético dedo enfiado na goela.
E nem judia, a moça era.
Já tive várias experiências com intercambista. Uma jovem do Canadá tentou me dá um beijo na boca. Recusei e ela inocentemente me disse: Eu beijo a boca do meu pai e como o senhor é meu pai aqui pensei que podia beijar. Expliquei a ela que aqui não era assim. Quando ela voltou para casa, 8 meses depois mandou um convite para seu casamento.