AO POVO, QUASE TUDO
Artistas e políticos devem ir onde o povo está.
Quando a prefeita passou a distribuir os objetos de desejo da população para não serem contaminados pelo coronavírus, foi proibida.
Entusiasmada com a ideia, exagerou no marketing e passou a fazer a entrega de máscaras e álcool em gel, com a qualidade do serviço SEDEX. De casa em casa. Pessoalmente.
Nosso personagem do dia, sabia da algazarra da estudantada ao final das aulas noturnas e viu ali, plateia para divulgar suas propostas.
Quando a política era menos regulamentada, valia todo sacrifício para aprisionar o voto livre.
Quase tudo.
(Publicação original em 21/05/2019)
O VEREADOR DA TELHAQuando nenhum candidato atende às expectativas do eleitorado, o sentimento de repulsa pode ser carreado para um de protesto.
No final dos anos 50, uma abada que havia sido emprestada ao jardim zoológico, recebeu mais de 100 mil votos e seria a mais votada vereadora na maior cidade do país.
Cacareco foi também a primeira transsexual eleita. Fêmea, todos a tratavam como se macho fosse.
A moda (ainda não a de gênero) pegou e espalhou-se pelo Brasil afora.
Há quem diga que elegeu até cachorro grande na mais recente, presidencial.
Com esse tipo de votos, por pouco não tivemos uma ponte ligando Natal a Fernando de Noronha.
Na rainha do agreste, estudantes escolheram Joca, o oleiro. E investiram na sua candidatura e na forte identificação gráfica da campanha. Uma telha.
Toda noite, depois das aulas, uma pequena multidão descia as ladeiras com o candidato nos braços e ombros do povo.
Na reta final da disputa, a estratégia de marketing esteve ameaçada.
Não por falta de votos (o ceramista foi eleito e virou edil verboroso) mas por desistência.
Depois que numa passeata das mais animadas, um dedo gaiato foi enfiado orifício a dentro:
-Vôtes! Desse jeito, nem pra senador...