AULAS, PRA QUE TE QUERO
Sem a dispensável e não solicitada concordância do avô, os netos estão de volta à escola de pedra e cal.
Que a remota, nunca parou. Com aulas regulares e metódicas.
É bem verdade que os meninos faziam coisas inadmissíveis pela professora de carne e osso, se ao vivo estivessem aprendendo.
Como ajustar o notebook para o rosto e sentar na cadeira com as pernas levantadas, na mesa de trabalho. E de jantar.
Levaram o ensino à distância mais a sério que a postura.
Realizaram as tarefas com rigor, sob improvisada supervisão, que auxiliar de ensino não pode ser considerada, uma genitora. No máximo, tia.
As primeiras impressões aliviaram a ansiedade atávica mas mostram a dimensão do problema após paralisação prolongada.
Na rede pública, já definida a continuidade da suspensão até para depois das férias (de que feriam, um dia, haverá de ser revelado), mesmo com a baixíssima frequência às aulas virtuais, não há maiores consequências para os professores.
Funcionários públicos estatutários, têm garantido salários integrais e direitos adquiridos e merecidos, mesmo os que não puderam exercer o trabalho em home office.
Nas escolas particulares, são outras as preocupações.
Empresas com receitas reduzidas, têm dificuldades para pagamento das despesas correntes, aluguéis, vigilância, manutenção, adaptações às exigências governamentais para a volta às atividades e principalmente, preservação dos empregos.
Lideranças sindicais retomam a cantilena da luta por melhores condições de trabalho, sem lembrar a lição que a melhoria deve ser contínua.
E que sempre há como fazer despior, como andam dizendo os neólogos.
Já adiantado na leitura e mostrando senso de responsabilidade para além dos 7 anos comemorados, o neto mais velho criticou o excesso e exagero das regras impostas pelo distanciamento.
Certo que em pouco tempo, flexibilizados, os rigores do primeiro dia, não serão mais observados.
Talvez decepcionado com a companhia de poucos colegas em classe, o irmão caçula imaginou que teria que apelar para o competente comitê científico para resolver seu caso.
Na resenha do primeira dia novo normal, não demonstrou a satisfação esperada.
Calado, não disse se tinha ou não gostado da volta, nem fez comentários sobre as novidades que encontrou.
Deixou ser acomodado na cadeirinha do banco traseiro, para forçar uma tosse semi-estridente, seguida de diagnóstico preciso.
Decidido, já anunciou as novas restrições a serem obedecidas.
–Peguei Covid na aula. Amanhã não volto pra escola.
***
(Depois das férias, da primeira e segunda doses, dos testes imunológicos e de outras férias, o tema abordado em 17/09/2020, volta a este Território Livre sem que a rede de ensino e as universidades públicas, tenham retomado a plenitude das atividades presenciais.
Pelo visto, esperam pelas doses de reforço)
Amigo!
Desde o dia 16 de março de 2020, não parei um dia!
Tive que mudar os meus hábitos para levar o melhor conteúdo e sempre preocupado com aprendizagem.
Sabemos que nem todos, têm acesso a internet!
Preparei material impresso, peguei o carro, abasteci, sem nenhuma ajuda de custo e rodei, cerca de 120 km (trajeto ida e volta) para a Zona Rural de São Gonçalo do Amarante, distribuir as apostilas.
Visitei e continuo, visitando todas as comunidades, onde houver um aluno, levando o material necessário para não deixá-lo sem estudar.
Faço isso com amor e carinho.
Infelizmente, pessoas e setores da mídia (os pobres de espírito), nos chamam de vagabundos e preguiçosos, por sermos funcionários públicos.
Não entrei pela janela e nem fiz parte de nenhum trem da alegria, pois fui submetido a concursos públicos.
Sou leitor deste conceituado jornal, desde os meus 14 anos, inclusive, já fui assinante.
Hoje, aos 63 anos, vejo com tristeza, a crítica feita pela sua coluna, aos que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária.
Tenha um bom dia!
As exceções confirmam as regras.
O fato é que as escolas públicas ainda não retomaram as aulas presenciais.
As particulares, sim.
Acho educação fundamental. Sem educação um país não caminha em nenhum continente. No nosso que se caracteriza como de terceiro mundo, a América Latina, preocupa a globalização confundir a cabeça de tantas pessoas sobretudo com a tecnologia que não substitui a educação formal, mas prejudica bastante com valores deturpados. É por isto que constatamos tantas senhorinhas piradas nas colunas sociais quando o retorno aos bancos escolares seriam tão positivos. As escolas públicas não voltaram as aulas presenciais e preocupa que super estruturas
estejam ociosas. O leitor Waldir Barroso tem razão.