28 de março de 2024
Coronavírus

AULAS, PRA QUE TE QUERO

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Sem a dispensável e não solicitada concordância do avô, os netos estão de volta à escola.

Física.

Que a remota, nunca parou. Com aulas regulares e metódicas.

É bem verdade que os meninos faziam coisas  inadmissíveis pela professora de carne e osso, se ao vivo estivessem.

Como ajustar o notebook para o rosto e sentar na cadeira com as pernas levantadas, na mesa de trabalho. E de jantar.

Levaram o ensino à distância mais a sério que a postura, realizaram as tarefas com rigor, sob atenta supervisão da mãe. Que auxiliar de ensino, não pode ser considerada uma genitora, propriamente dita.

As primeiras impressões aliviaram a ansiedade atávica mas mostram a dimensão do problema do ensino, com paralisação tão prolongada.

Na rede pública, já definida a continuidade da suspensão até para depois das férias (de que feriam, ao tempo, deverá ser revelado), mesmo com a baixíssima frequência às aulas virtuais, não há maiores consequências para os professores.

Funcionários públicos, estatutários, têm garantidos salários integrais e direitos adquiridos e merecidos,  mesmo os que não puderam exercer o trabalho em home office.

Nas escolas particulares, são outras as preocupações. Empresas com receitas reduzidas têm dificuldades para pagamento das despesas correntes, aluguéis, vigilância, manutenção, adaptações às exigências governamentais para a volta às atividades e principalmente, preservação dos empregos.

A anti-greve na Praça 7 resumiu esta cantilena e apressou a decisão da alcaidia.

Como ocorreu no mundo mais civilizado, quem julgou-se em condições de retornar com segurança, reabriu os portões e acolheu os filhos dos pais mais destemidos.

A depender da amostragem afetiva, o reencontro recebeu reações diversas.

Aceitação, com restrições e reprovação absoluta.

Já adiantado na leitura e mostrando senso de responsabilidade para além dos 7 anos comemorados, o neto mais velho criticou o excesso e exagero das regras impostas pelo distanciamento.

Certo que  em pouco tempo, flexibilizados, os rigores do primeiro dia não serão mais observados.

Talvez decepcionado com a companhia de apenas cinco colegas em classe, o irmão imaginou que teria que apelar para algum famoso comitê científico para resolver seu caso.

Nas despedidas do primeira dia novo normal, não demonstrou a satisfação esperada.

Calado, não disse se tinha ou não gostado da volta, nem fez comentários sobre as novidades que encontrou.

Deixou ser acomodado na cadeirinha do banco traseiro, para forçar uma tosse semi-estridente, seguida de diagnóstico preciso.

E decidido, já anunciou as novas restrições a serem obedecidas.

Peguei Covid na aula.

Amanhã não volto pra escola.

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2 thoughts on “AULAS, PRA QUE TE QUERO

  • Geraldo Batista de Araújo

    Pense num texto “bem posto” como dizem os patrícios lusitanos. É por demais satisfatório por os olhos numa leitura dessas. (Este linguajar esquisito tem a difícil função de fugir da chatíssima acertava do site “parece que você já disse isso.” Ora bolas e todo santo dia eu não digo bom dia? Não é da conta de ninguém que eu aprecie ou não do que os demais escreve ou figite.

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  • Geraldo Batista de Araújo

    Quis dizer escreve ou digite.

    Resposta

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