23 de abril de 2024
Coronavírus

BARRADOS NO CLUBE

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Não é preciso passar pelos bancos das faculdades de Jornalismo pra saber que mordida de cachorro não é notícia.

Nas redes sociais, o protesto de um pai que foi impedido de entrar em um supermercado, acompanhado do filho com necessidades especiais, viralizou. Deu ibope e revogação das disposições em contrário.

Apesar de os índios potiguares não terem o hábito de levar toda a família às compras, os legisladores dos decretos do fique em casa, resolveram restringir o acesso aos estabelecimentos, comerciais, a uma pessoa por unidade familiar.

E são intransigentes os executores das medidas que têm contido o avanço da pandemia.

Parecem sentir prazer em colocar de castigo o acompanhante excedente, em cadeiras perfiladas e distanciadas no hall de entrada, sempre ao alcance dos olhos vigilantes. Permissão apenas, de uma ida ao banheiro. E outra à lotérica.

A nova lei tem vários senões e uma falta grave.

Não leva em consideração as novas configurações das famílias.

Ainda bem que um  companheiro (ou vice-versa) pode entrar um depois do outro, livrando o porteiro-leão-de chácara da acusação de crime de homofobia.

Como em todas as normas proibitivas, resultados completamente opostos aos pretendidos, podem ocorrer.

Um casal (mais tradicional) que antes da pandemia, com frequência, se desentendia porque a tarefa das compras não era equitativamente dividida, com a proibição, na falta de melhor que fazer, é estimulado a burlar as normas.

A obrigação de abastecer o lar virou diversão. E um joguinho até mais interessante que caçar pokemóns.

Vence o casal que  voltar pra casa com mais sacolas cheias,  sem ter sido reconhecido como parelha.

As estratégias para alcançar a vitória são criativas e variadas.

A começar pelas rachadinhas, as mais comuns. Listas de compras divididas ao meio.

Homens compram produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica; o time cor-de-rosa, mercearia e hortifruti.

Encontro simulando casual, respeitado o distanciamento admitido entre amigos, em frente às gôndolas do ex-açougue, se acompanhado de reclamação conjunta do aumento do preço da carne verde, dificilmente é flagrado. E ganha pontuação dobrada.

O erro mais comum, ainda sem uma estratégia confiável para ser evitado, é na hora das  bebidas.

Neste ponto do jogo, as patroas costumam perder o controle. A retirada abrupta da caixa de long neck do carrinho do time azul, é facilmente percebida pelos fiscais e é o principal motivo da expulsão dos jogadores do campo de consumo.

O atual campeonato  está disputadíssimo e tem empolgado os participantes mas corre o risco de também ser suspenso.

Fala-se que a próxima edição do decreto da governadora deverá trazer  a determinação que apenas uma pessoa, o condutor, será permitido circular em veículos motorizados de duas e quatro rodas. O acesso dos times às canchas estará seriamente comprometido.

Como esta informação não foi publicada nos blogs patrocinados e os independentes ainda não foram multados, persiste a dúvida se é ou não fakenews.

Mesmo depois que o coronavirus for embora e os supermercados voltarem ao novo normal, mordida de cachorro continuará a não ser notícia.

Notícia é um desembargador,  barrado no Sam’s Club,  não dar uma carteirada.

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