25 de abril de 2024
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BOIS SEM NOMES

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Quando os advogados do mais ilustre condenado que este país já viu trancafiado numa sala de comando de uma superintendência de polícia federal, por conta da ordem no depoimento do principal delator do maior escândalo de corrupção dos últimos 520 anos, quiseram anular todo o processo, a história foi, metaforicamente, passada a limpo.

Decorrido um ano, solto o prisioneiro, exemplos se multiplicam. Como nunca antes na história.

Movidas ao milho descontado da produção coletiva, novas granjas não param de surgir.

E haja operação.


(Publicação original em 02/10/2019)


GALINAÇÕES FINAIS

Costume antigo. Tradição que se renovava há gerações.

Se todos faziam e ninguém proibia,  permitido era.

Os mais respeitados aldeiões,  aqueles que se reuniam para ditar as normas da boa convivência, os empreiteiros que abriram as veredas e construíram a escola e o posto de saúde, até o conselho dos sábios, julgadores dos malfeitos.

Mesmo aqueles fofoqueiros que dão conta da vida dos outros, falando de tudo como se conhecessem dos assuntos todos.

Tirando uma ou outra carta anônima que nada provava, calados estavam e ficavam.

Todos sabiam como acontecia. E participavam dos rega-bofes.

Uma galinhada atrás da outra.

Sem dono, o galinheiro  coletivo era de todos.

Mesmo quem tomava conta do negócio com renda tão grande (também, somente lá pra vender frango e ovos) participava da farra. E dizem, ainda levava uns tantos pra casa.

No começo era só nas vésperas das grandes festas.

Na festança, gastos muito grandes, natural que os escolhidos para trabalhar pr’os outros,  tivessem direito à sua parte.

Quem vendia a produção, arrochava nas quantidades e o que viesse a mais, bancava as outras despesas.

O atravessador repassava para os mais ilustres do conselho distribuírem com os outros.

O problema só começou a aparecer quando pegaram um ladrão de galinhas esbanjando dinheiro como se tivesse uma árvore no quintal, botando notas de dólar.

Useiro e vezeiro na gatunagem, preso pr’as granjas do sul, frouxo que só ele, deu com a língua nos dentes.

Revelou que o bosquejo não era só nas festividades, não senhor.

O pessoal foi se acostumando com o bem bom e qualquer motivo era um pra celebrar.

Passou a ser todo mês.

Tão íntima, a data  esperada ficou conhecida pelo aumentativo.

Depois que o gatuno das penosas abriu o bico, pegaram muita gente.

Muita cana e  bufunfa devolvida. Foi longe. O maior tuxaua, encalacrado até a tampa.

O dedo-duro escafedeu-se numa boa. Ainda ficou com umas boas poedeiras, é o que se comenta.

Agora os homens que podem botar ordem na bagunça toda descobriram um erro daqueles.

O calabar falou por último.

Isso não pode. Não tem nem escrito na caderneta dos deveres mas eles estão dizendo que nunca foi admitido.

Terminou de melar o pau do galinheiro.

Desse jeito,  ninguém vai saber o que surrupiaram primeiro.

Os ovos ou as galinhas?

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