24 de abril de 2024
Eleições

CABEZA CORTADA

A queda da Bastilha (1789) – Autor desconhecido


Recém-saídos da custosa hibernação pela
pandemia, cientistas políticos voltam a ocupar espaços cedidos, temporariamente, aos de jalecos brancos, igualmente versados em 7 ciências.

Sectários, devotos dos institutos de pesquisas, escrevem resmas sobre o que vai acontecer, como se as telinhas dos laptops, portais para depois do tempo das apurações, fossem.

Quando tudo, e até o terno da posse (ou o pretinho básico chanel) estiver passado, para toda diferença nos números apurados, a mais óbvia de todas as desculpas esfarrapadas justifica erros além das margens: toda eleição é uma eleição diferente.

Lá se foram 40 anos de uma campanha política inesquecível, já decantada em versos, teses acadêmicas e muita prosa.

Marcada pelo paradoxo: votar e não votar, e  pela incoerência: o cargo principal em disputa, não interessa.

Uma chapa acéfala,  apresentada aos devotos de Nossa Senhora da Vinculação dos Votos, com o caput a ser desprezado, era o mote, e a ordem.

Pela de bacalhau nunca ter sido avistada nos pesqueiros do Tibau a Areia Branca, camarão foi nome registrado no cartório de Joca Bruno.

Mesmo que  a do crustáceo, tivesse quem gostasse, como João Batista, o general-presidente de prontidão, que comia com casca e tudo, o mantra era, na cabine indevassável, avoar no mato.

No país quase independente de Mossoró, as movimentações, eram seguidas de muitas resenhas.

Nos detalhes, público presente (números inteiros e precisos), aferidos e comparados pelos agentes secretos infiltrados além das linhas adversárias.

Revelações exclusivas dos últimos índices das pesquisas dos institutos amigos, guardados a sete  e todas as outras chaves.

Na sala dos médicos, o assunto principal (secundário e terciário) há muito havia deixado de ser discussão de caso clínico. No quase comitê, correligionários e formadores de opinião, única  e convergente.

O plantonista depois de justificar a falta ao comício  da noitada anterior,  quer saber as boas novas.

Ouviu o que queria: Entusiamo, animação, otimismo, e dilúvio de gente.

Tudo muito grande, em banda de lata, a vitória estava à vista.

Foi naquele clima de euforia que o especialista em análises de discursos elegeu o do candidato a burgomestre, como o melhor da noite.

Ao ser perguntado do que tinha tratado o velho alcaide, foi sincero:

Não deu pra entender muito bem, quase nada. Dr. Dix-Huit usa palavratório difícil. Mas como fala bonito…   Não tem parea!

 

A Guilhotina – O médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) sugeriu o uso do aparelho na aplicação da pena de morte. Guillotin considerava este método de execução mais humano que os outros, então empregados..

(O ‘voto camarão’ foi tema de texto publicado neste território livre, em 07/07/2019)

2 thoughts on “CABEZA CORTADA

  • Tem um tango bonito chamado “Por una Cabeza”. Alguma coisa assim. Lembro também da atriz parecida com uma amiga descendente da oligarquia Rosado. Me chama à atenção que algumas histórias se repetem. Mandar cortar a cabeça dos inimigos. Noutros países do continente latino americano. Sobre as aferições dos institutos de pesquisas eleitorais, foram os institutos que fazem pesquisas nacionais há as locais. Sei de uma empresa plantada dentro da Ufrn. Faz anos. Mas, soube de pessoas com quem trabalhei que se presta a este tipo de “trabalho”. Continue escrevendo.

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    • Domicio Arruda

      No plural é o título de um filme de Glauber Rocha, rodado na Espanha, em 1970.
      A loucura no poder, não mudou em mais de 40 anos.

      Resposta

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