CONVERSA COM GOLPISTA
Ninguém está livre de ser iludido na boa-fé.
O alerta é antigo mas tem quem seja. E quem aproveite a oportunidade para fazer disso, profissão.
E pelo número de relatos, muito concorrida.
Sem necessidade de enfrentar ENEM, curso superior, registro no conselho nem desemprego.
Requer uma boa lábia. E criatividade.
Desconfie de pedidos de empréstimos para amigos das redes sociais. Sempre em situações de extrema urgência.
Se os golpes vêm sendo aplicados há muito tempo é porque incautos continuam sendo encontrados. E iludidos. Não seja um deles.
Com a proliferação dos grupos de mensagens instantâneas, é impossível não participar de alguns, sem conhecer todos os integrantes. E de ter muitos novos amigos do peito que nunca serão encontrados na vida real.
Até nos familiares.
Vez por outra, aparece um parente distante, morando mais longe ainda, passando o chapéu na coleta de recursos para custear tratamentos médicos.
E a força do argumento da compatibilidade sanguínea, acompanhada de fotos dos enfermos em camas de hospital. Pré-moribundos.
E muitos laudos de exames.
Comovente até para os corações mais insuficientes.
O WhattsApp, além da troca de informações e aproximação de pessoas, é ferramenta para atividades profissionais.
Na área médica, uma das primeiras a incorporá-lo, tornou-se imprescindível para o bom funcionamento das equipes.
Acabaram os problemas com alterações nos agendamentos e compromissos, antes feitos por telefone e sujeitos aos esquecimentos e mal entendidos.
Agora, vale o escrito. E o gravado.
Ao receber o pedido de ajuda do técnico em radiologia que em dificuldade para acessar a conta bancária, precisava fazer uma transferência inadiável, com promessa de quitação na abertura do expediente bancário, ficou fácil a desconfiança.
Estava muito claro na telinha.
O celular do colega (esporádico) de trabalho havia sido clonado.
Não havia a menor intimidade para uma solicitação dessas. Nem urgência que a justificasse.
Mas não custava nada saber até onde ia a esperteza do vivaldino do outro lado do teclado.
O valor do empréstimo requerido foi multiplicado por dez, com a informação que era o valor mínimo para negócios com o agiota acionado.
Teria o trambiqueiro digital acreditado na coincidência do contra-golpe ou levado na esportiva?
Perguntou pela taxa de juros praticada e se poderia aumentar o valor do principal.
Ao ser informado que seriam cobrados juros bancários do cartão de crédito, a desistência bem humorada.
– Vacilei, playboy. Fui!