29 de março de 2024
Cidades

CONVERSA DE SEU ZIZI

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Quando o filmete  promocional de vendas de um novo condomínio rural foi encaminhado para o grupo político-familiar, Cassiano  (o irmão mais velho que hoje, com Nilma, comemora Bodas de Ouro), lembrou que aquele paraíso  era a terra de origem de um personagem da adolescência de todos os novacruzenses que já sopraram pra lá de sessenta velinhas.

Os 40 kms que separam Nova Cruz de Bananeiras,  de  estradas serpenteadas em buracos, atoleiros e riachos transbordantes, na subida da Borborema, era a distância entre a terra árida do agreste e o oásis do brejo paraibano, portal do Jardim do Éden.

À memória, vieram relatos de frutas só encontradas em retratos de revistas e das conhecidas, de tamanhos nunca fotografados.

Estórias que faziam a pequena cidade, maior. Em árvores frondosas, paisagens deslumbrantes e aventuras fantásticas.

Terra de frio congelante e bravos homens que resolviam qualquer desavença à bala. De trajetória e precisão  que não se encontrava nem nos filmes de Randolph Scott.

Hoje, a nova meca do turismo de montanha nordestina tem condomínios de tanto luxo que se fossem contados pelo proprietário do Bar Continental, ninguém acreditaria.


(Publicação original em 17/07/2019)

 SINUCA DE BICO

Numa das principais ruas da cidade, brilhava o salão de bilhar.

O Sinuca.                                    

De reputação ilibada. Pero, no muchoFama de portal para os vícios básicos. Calçada nunca jamais pisada pelas moças direitas e donzelas da cidade.

Frequentado por aficcionados do esporte e profissionais especializados (com ajuda de tapias) em ficar com o dinheiro da feira dos matutos.

Partidas quase sempre  disputadas à vera (apostas casadas, na caçapa e no dinheiro), bebidas, muita fumaça de cigarro e algumas brigas, faziam o ambiente um tanto noir,  exclusivo para adultos.

Pregado na entrada, o aviso do Juizado de Menores. Acesso permitido somente aos maiores de 16 anos.

O Seu Zizi, o proprietário, sem querer saber de problemas com a Justiça, cumpria a determinação mais ou menos à risca.

Menos, quando o movimento estava fraco e os pirralhos teimavam em assistir aos embates do pano verde.

Qualquer descuido e lá estava um de menor, passando o giz no taco. E encaçapando a bola da vez.

Numa dessas ocasiões, flagrada a desobediência, o oficial de justiça  só não lavrou o auto de infração porque foi dada uma justificativa mais que plausível:

-Menino com dinheiro no bolso já é rapazinho.

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