19 de abril de 2024
Comportamento

CONVERSAS DO OUTRO MUNDO

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Alguns mistérios resistem ao tempo, às modernidades e às tecnologias.

Se bem que muitos estão sempre tentando saber o que tem, se é que tem, depois da última fronteira.

Exemplos é que não faltam.


(Publicação original em 21/09/2019)

ORA (DIREIS) OUVIR OS MORTOS

Não chegou a  perder o senso mas ficou pálida, de espanto, com o nome que apareceu no visor do celular.

De um primo muito querido, falecido há alguns anos.

Naquele átimo entre o toque e o primeiro alô, o pensamento esperançoso que pudesse ser possível alguns segundos de conversa. Suficientes para saber as notícias da vida nova e dar as dos que ficaram. Dizer como tudo continua. E a saudade que é imensa.

A voz da viúva e o mistério da agenda do telefone que não atualizou  o chamador, trazem reflexões profundas.

Religiões ocidentais acreditam que as almas dos falecidos continuam solidárias com os que ainda vivem a peregrinação neste vale de lágrimas.

Relatos e registros de aparições de anjos e santos fizeram muitos outros santos.

Não é de hoje que as vozes do além são perseguidas.

Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica, previu que, um dia, o homem seria capaz de construir uma máquina para falar com os mortos.

No século passado ganhou força a tese que os espíritos poderiam enviar mensagens por meio de rádios, vitrolas e outros equipamentos nas chamadas vozes eletrônicas.

Em tempos modernos o ciberespaço é o céu e o aplicativo seu médium e cavalo alado.

O que antes era conseguido só com muita concentração e fé, ao redor de uma mesa branca, está disponível ao toque no smartphone. As mensagens trazidas pelas entidades e espíritos de trabalho estão até no Facebook.

As mesmas que confortavam e apascentavam os familiares saudosos são psicografadas, postaras e curtidas. Sempre acompanhadas das melhores fotos.

Uma startup americana, usando elementos de inteligência artificial, construiu, a partir de diálogos antigos no WhatsApp e Telegram, um canal de comunicação em que o falecido responde a perguntas.   

Através de uma rede neural de processamento de antigas mensagens, a conversa é possível. É como se a memória de quem não mais existe fisicamente, fosse replicada para um computador, mantendo-a viva e ativa.

O maior sucesso foi conseguido com a criação do avatar do cantor Prince quando seus fãs descobriram no app uma chance de manter viva a lembrança do ídolo.

Missa de sétimo dia.
Ao término da cerimônia,  nas homenagens da família e amigos, um  celular é aproximado do microfone e todos podem ouvir claramente uma tocante mensagem de conforto, na voz da  pranteada.

“Nossos entes queridos não morreram, apenas ficaram invisíveis aos nossos olhos.”

                      – Chico Xavier.

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