19 de abril de 2024
Natureza

CREPÚSCULO VERMELHO

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Paisagem ao Crepúsculo (1890) – Vincent Van Gogh – Museu Van Gogh, Amsterdã, Países Baixos


Do outro lado do mundo, a terra explodiu debaixo d’água, libertando a força da natureza, e trazendo apreensão e medo de ter sido somente um anúncio de outros mais violentos e destruidores, ainda por vir.

Como se das suas  entranhas, a terra estivesse mandando uma mensagem urbi et orbi.

O esperado tsunami não varreu os sete mares, mas o aviso, lembrando  que o planeta é um só, chegou para todos.

A nuvem de fumaça que seguiu ao tremor da terra não  só deixou prejuízos para  os 25 mil habitantes de Noku’Alofa, mas espalhou-se pelo resto do mundo,  conduzindo no seu rastro, ao sabor dos ventos,  partículas invisíveis de poeira,  que acrescentam às últimas luzes do dia, inéditas cores à paleta que retrata beleza e vida.

A certeza que não será o último e que no dia seguinte  tem mais, faz momento tão especial reavivar memórias e acalentar sonhos de paz.

O vulcão de Tonga o traz de volta ao cartaz,  em todas as cidades, das megamaiores às pequenas vilas e até para quem sempre viveu isolado, um espetáculo cada vez com mais plateia.

Não há estatísticas confiáveis mas acredita-se ser a atração mais vezes repetida em toda história.

O ator é o mesmo.

Nunca mudou.

Sem substitutos, afastamentos, somente quando condições climáticas adversas, não permitem as apresentações.

O artista é intenso, irradia calor, preenche todos os espaços com brilho.

No palco,  ofusca quem está à sua volta.

Só quando encoberto e enevoado,  não comparece.

Nos lugares tíbios, planos são feitos para aproveitar ao máximo sua presença na aguardada próxima temporada.

O preparo de cada  performance leva o dia todo mas  a mostra, em si, só alguns minutos.

Resume-se a uma única cena com ares de despedida.

Evoca os mais recentes acontecimentos  vividos. Alerta que tudo chega ao fim.

E sempre tem recomeço.

Que o que vem logo a seguir,  também tem sua graça, encantos e mistérios.

E apesar de muitas vezes longa e escura, terá, igualmente, um final.

Radiante.

Mostrada há milhões de anos, desde quando nem espectadores havia, muda apenas de cenário e iluminação.

Apesar  de serem fiéis ao roteiro original, críticos insistem em rotular alguns como sendo melhores e mais bonitos.

Acrescentada  ao espaço cênico, música  instrumental faz a diferença na percepção de quem assiste, merecendo o sucesso alardeado.

Até listas dos dez mais correm a blogosfera,  e há quem faça longas viagens,  apenas para  conferir se a fama é merecida.

Ele parte, mas sempre volta.

Já foi deus. Já foi rei.

Nunca deixará de ser o astro dos arrebóis.

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Passeio ao Crepúsculo (1890) – Vincent Van Gogh – MASP, Museu de Arte Moderna se São Paulo

 

 

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