19 de abril de 2024
Opinião

Remédio para sequela da Pandemia é Político

 

 

Roda Viva – Tribuna do Norte – 25/05/22

Um drama (na verdade uma tragédia), não devidamente contabilizada ainda nas estatísticas de prejuízo da pandemia aparece numa simples constatação dessa triste realidade –   Os mais novos saíram mais cedo da escola e retornaram menos aos bancos escolares. Há um ciclo da saída ao longo do ano letivo que deve ser combatido desde o seu início, pois, aí se estabelece a taxa de evasão escolar do ano, que é o pior de todos os índices.

Tragédia que se configura ainda mais dramática no nosso Rio Grande do Norte, tendo pela primeira vez na sua história, um profissional de educação (verdade que tivemos muitos professore no Governo, mas, nenhum, além de Fátima Bezerra, tirando do magistério o seu sustento e a sua única fonte de renda) com o timão do governo nas suas mãos.

Certamente, nenhum dos nossos governantes era tão qualificado sobre esse assunto específico, como a atual para enfrentar um problema desse tamanho. Aí é preciso fazer uma ressalva, de que Fátima Bezerra não deve ser apontada como a única responsável por números tão cruéis, como os da situação presente.

Porém ela deve uma explicação aos eleitores e eleitoras, preferencialmente na campanha eleitoral, mostrando o que ela mudou na política educacional para impedir que chegássemos a uma situação tão negativa e ainda porque seu governo não teve sucesso nessa empreitada. Ou por que o desastre para nossa juventude continuou na mesma velocidade e crescimento que vinha, e continuou e se ampliou no seu Governo.

 

 

PROBLEMA DE VICE

 

Quem pesquisar o noticiário do RN nas últimas semanas, especialmente do Governo, encontrará o problema de Vice como uma das prioridades da Governadora.

Talvez tenha sido a questão que mereceu mais tempo e interesse de Fátima Bezerra, que encontrava enorme dificuldades para definir a sua chapa nas eleições de outubro.

Toda a carreira de Fátima Bezerra, e do PT do Rio Grande do Norte, nos últimos trinta anos, teve no combate “as oligarquias” (de forma indefinida) um dos pontos principais do seu discurso.

Discurso que permaneceu íntegro até a campanha de 2018, como se materializou num debate dos candidatos Fátima e Carlos Eduardo na TV (que está circulando agora nas redes sociais gerando constrangimentos) e que teve um dos maiores pontos de discordância, justamente, as oligarquias que comandavam a política do RN.

A questão do vice na presente campanha que tomou tanto tempo da Governadora só foi solucionado com a presença de um lídimo representante das oligarquias, o deputado Walter Alves, na sua chapa, como Vice.

Outro representante das oligarquias, Carlos Eduardo Alves, foi escolhido para o Senado na mesma chapa.

 

IMPORTÂNCIA DE VICE

Um Vice muito mais importante não mereceu uma única citação na agenda da Governadora.

Foi o nosso Rio Grande do Norte ter se consolidado como o Vice-campeão do Brasil em matéria de taxa abandono escolar durante a pandemia, só perdendo para o estado do Pará.

De acordo com o INEP a taxa de abandono escolar passou de 2.3%, em 2020 para 5% em 2021. Enquanto isso o RN se consagrava campeão de abandono em todo o Nordeste com uma taxa de 14.7%, que representa quase o triplo da média nacional e mais do que o dobro da média dos nove estados nordestinos, que foi de 6.3%.

Na outra ponta, o Rio Grande do Norte tem a mais baixa taxa de aprovação da região, 74.6%., que enfrentou a mesmíssima pandemia o Ceará, que teve um índice de aprovação de 97.,8 e da Paraíba. 95.9%

Somente o Pará com uma taxa de abandono escolar de 15.6% superou o Rio Grande do Norte. Assim mesmo a média dos estados da região norte, de 10%, é menor do que o casos do RN. Ainda mais doloroso é saber que entre alunos entra 5 e 0 anos, no período, a taxa pulou de 1.4 para 4.25%

SOMOS TODOS VICE

A cobrança de uma solução para o problema escolar não pode ser exclusivo a Fátima Bezerra.

É um problema de todo o Rio Grande do Norte, e, consequentemente, do Governo do Estado. Problema de Estado, sendo, portanto, de todos os candidatos. Denunciar, apresentar estatísticas, culpar a candidata que lidera as pesquisas, só, não basta.

E não, apenas, candidatos na chapa majoritária. A evasão escolar precisa ser tratada com o desafio para toda a sociedade. Resultados de quais fatores: mau ambiente escolar, má qualidade do desempenho dos professores, inadequação das matérias programadas, frustrando o interesse dos alunos. A desculpa de pandemia, não voga; Paraíba e Ceará enfrentaram a mesma pandemia, com resultados bem diferentes do nosso.

Segundo o levantamento da FGV, há várias explicações para a evasão escolar durante a pandemia quando se leva em consideração as faixas etárias. Por exemplo: para as crianças, a questão que mais pesou foi o “distanciamento social rigoroso”. O estudo também mostrou que os alunos de baixa renda foram os que mais perderam horas de estudo durante a crise sanitária.

 

EM BUSCA DA CURA

Baseados em levantamentos internos boa parte dos dados apurados são fornecidos pelas próprias escolas e Diretorias Regionais de Educação. Entretanto, a esses números não existe a força de um Censo com o que vai ser realizado; quando os dados terão a precisão que o problema exige.

Pelos estudos disponíveis os alunos de baixa renda foram os que mais perderam horas de estudo durante a crise sanitária, sendo os mais prejudicados. Porém no meio de nossa tragédia, existem números ainda mais cruéis em  quatro municípios potiguares, onde o registro é maior que 20%: Baraúna (31%), Boa Saúde (29%), Jaçanã (23%) e Antônio Martins (23%). Com evasão maior que 15%, o RN tem mais dois municípios: Grossos e Coronel Ezequiel.

Como se vê, não faltam desafios sérios, que dependem, sobretudo, de remédios políticos para curar esse mal revelado pela pandemia.

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