DESASTRADA SENHORA
Depois de 45 bons anos de serviços prestados à Companhia de Financiamento da Produção, hoje Conab, sempre vinculado ao agronegócio, o economista e administrador Gonzaga Costa dedica-se aos afazeres de avô, à produção agrícola do quintal e a percorrer longas caminhadas, fotografando e deixando rastros nas praias, da Paraíba ao Ceará.
Leitor e incentivador desta gleba do Território Livre, encaminhou o texto Os Sapatos da Pandemia para um amigo de Brasília.
O destinatário, jornalista, respondeu com esclarecimentos sobre a referência à uma obra, classificada como desastrada biografia.
Querido amigo Gonzaga.
Por favor, cumprimente o nosso médico e também um belo cronista Domicio, pela crônica extraordinária.
Como sobrinho predileto e amigo confidente do saudoso Tio Fernando Sabino, gostaria de fazer somente uma ressalva quanto ao comentário dele a respeito do livro “Zélia, Uma Paixão” e esclarecer com todo respeito, o seguinte.
O que atraiu o Tio Fernando a escrever o livro, foi o fato de uma superministra que sentava à mesa com os maiores banqueiros do mundo, ser enganada por amor de quem tinha somente a intenção de aproximar-se mais ainda do Presidente da República.
Por outro lado, a imprensa estava atravessada com o Collor e aproveitou o ensejo, e se utilizou do livro para os seus objetivos.
Para que vocês tenham uma ideia, pessoas leram o livro e fixaram na memória só o que a imprensa havia divulgado.
Gostaria de presentear o amigo Domicio Arruda com o livro que trata do romance da Zélia com o Ministro Bernardo Cabral.
Caso ele tenha lido e com os meus esclarecimentos e o passar do tempo, ele vai ter uma nova impressão do livro.
E um dado curioso que Domicio vai gostar é que Tio Fernando Sabino, como fez em outras obras, doou o dinheiro da venda ao juiz Cavaliere que era o responsável pelos menores abandonados no Rio de Janeiro.
Um outro dado interessante é que o Tio Fernando ofereceu a Zélia, 60% da arrecadação e ela recusou dizendo que tinha simplesmente contado a história de um romance na qual foi ludibriada.
Um grande abraço a vocês. – Domingos Sabino Diniz.
O implacável rigor do senhor da razão, o tempo, e a auto-crítica do Senador Fernando Collor de Mello sobre o confisco da poupança, mostram claramente, mais que a biografia, quem foi a verdadeira desastrada.
