20 de abril de 2024
Coronavírus

DIAS DE BRANCO, NUNCA MAIS

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             (Publicação original em 24/04/2019)

Aprendizes de cronistas, sem que ensinem,  também desenvolvem as mesmas malandragens pra começar um papo.

E o lero nunca deixa de rolar.

Em dias de branco, papel e telinha não ficam sem ganhar cores e vida.

Os tímidos buscam abrigo e companhia debaixo das asas e das penas empavonadas dos galo-velhos e outras avis raras, deste e de outros terreiros.

Em tempos inimagináveis de calmaria, céu de brigadeiro, recolhimento e quarentena, da falta de assunto, ninguém há de reclamar.

Único e ubíquo, tem pra todos.

Tão rico, misterioso e desconcertante que mesmo no singular, é plural.

Coronavírus.

               NEM CONY EXPLICA

Aprendi com Carlos Heitor Cony que “um cronista, como mal me considero,  pode  falar de tudo, inclusive da falta de assunto”.

Se o mestre tinha  essa dúvida, imagina quem vem cometendo estas inconfidências diárias só há 50 e poucas vezes.

Ainda não senti a angústia de desafiar  a folha de papel em branco na frente da Olivetti. Até porque não se trata de obrigação e a rigor, não escrevo. Só teclo.

Mesmo sem saber muito bem o que faço, tenho outra preocupação: quem me lê?

Não serei pretensioso de afirmar  que já são 17 ou 18, os leitores.

Certeza, só de um.

Eu. Para quem, ensimesmado, escrevo.

Algum assunto que careça aprovação acima do superego, recorro à consorte, como deve fazer todo manicaca que se preze.

Aí,  já somam 2.

Vez por outra um filho questiona qualquer exagero cometido.

E lá se vão mais 2 ou 3.

Entram na conta, colegas curiosos em saber a identificação de algum personagem criptocitado.

E os especialistas em corrigir transgressões ao vernáculo.

Uma meia dúzia de 3 ou 4.

Alguns amigos, dos bons. Daqueles que sabem dar o necessário e salutar empurrão para baixo, vaticinam o esgotamento da pauta.

Só apelando para a tão em voga e onipresente neurolinguística.

Precisamos iniciar uma linha de pesquisa  pra saber como se processa a conexão entre minha quase memória e meus textículos.

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