24 de abril de 2024
CasamentoComportamento

DRAMA NA CIDADE PEQUENA

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Ainda causam espanto,  notícias policiais de ocorrências em cidades menores.

Onde se imagina uma vida tranquila e pacata, estão presentes todos os personagens das mais empolgantes  estórias

E onde houver amor, interesse, ciúme, traição, vingança, haverá uma pra contar.


(Publicação original em 28/08/2019)


AMOR DERRADEIRO

Entre Remígio e Montadas, pendendo p’ros lados de São Sebastião de Lagoa de Roça, a cena do crime.

Areial.

Vocação de pousada.

Há cem anos, dos tropeiros da Borborema.

Hoje,  para mais de seis mil almas que vivem do que tiram da terra, do que a prefeitura dá e do bolsa-família.

Foi lá que Luiz encontrou Eudivânia e viu na mulher experiente, a estabilidade que tanto procurava.  Para quem já andava cansado da vida retirante, o teto garantido. O resto, Deus não deixaria faltar.

Tinha saúde e disposição para o trabalho.

Com filho quase da mesma idade do  companheiro, Vânia imaginou que um novo iria coroar o relacionamento. E há onze meses, colheu o fruto do  amor maduro.

Lugar de muro baixo.

Não ligou muito para os primeiros comentários. Maldosos e invejosos. Bonitão, era natural que o marido atraísse outras mulheres. Falaram em três. Só não acreditava em nada pra valer.  E quem tem suas cabritas que prenda. Os bodes estão soltos. Sempre foi assim.

Até desconfiar que o pecado estava morando ao lado.

A vizinha com quem dividia as faltas de fim de mês, era a última pessoa que iria imaginar como a nova conquista do seu Dom Juan.

Tinha de ter certeza antes de uma lição para a sirigaita nunca mais esquecer. Coisa de mulher para mulher.

Depois tudo voltaria ao normal.

O caso era mais sério e antigo.  Bem debaixo das suas ventas. Tinha também de chamar o seu Lula aos carretéis.

Ninguém discute uma relação  sem traumas. Sobrou pra ela. Sopapos e olho roxo. Para quem perguntasse, um escorrego besta e a quina da mesa.

O plano foi mudando. Até de alvo.

Bem que já tinha sido alertada. São todos iguais.

Não escapa um. Quem sabe, ainda  pode aparecer uma nova chance.

Pra resolver a vida, o mal precisa ser cortado pela raiz.

Aquela voz que só ela escuta. De manhã, de tarde e de noite.

Sai da missa sem entender o que o padre quis dizer. Quase não dorme. Ninguém com quem falar.

O planejado não era mais o mesmo. Depois do que fizer, nada restará.

Agora os dois ficariam juntos.  Para sempre.

Explicou tudo numa carta, deixada para o menino de 18 anos que já tinha arribado pra tentar a sorte em Campina.

E caprichou na amolação da faca.

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