25 de abril de 2024
Opinião

Drama de Fátima é quando o presente se tornar passado

Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 050521

Vale a pena repetir: – Fátima Bezerra é a primeira profissional de ensino a governar o Estado do Rio Grande do Norte. O registro é feito para que a falta de lembrança não lhe deixe esquecer nem por segundos um problema desse tamanho assim como as suas peculiaridades. Começando pelo que conseguiu fazer ou ainda poderá realizar pela educação do RN, em razão de sua própria história de vida.

Desde que ela atravessou a fronteira da Paraíba, deixando a pequena Nova Palmeira, para vir continuar os seus estudos na casa de uma tia que morava em Natal, que a vida de Fátima passou a girar em torno da Educação; tudo a partir do sindicato. Inclusive a sua atuação política.

O berço da carreira eleitoral de Fátima Bezerra tem tudo a ver com a educação. A origem de tudo foi o SINTE, o sindicato dos professores, de onde ela nunca se afastou, enquanto construia uma carreira política: Deputada Estadual, Deputada Federal, Senadora e Governadora do Estado.

Este fato não vai ser cobrado, apenas agora. A medida que o tempo for passando, por todas as razões, não faltarão pessoas para colocar a situação do RN em relação ao ensino, lincando com o fato daquela situação acontecer, quando era Governadora, uma profissional do ensino, de quem não se pode esperar apenas a manutenção do nível dos seus antecessores,.

O MICRO E O MACRO

O problema inédito, de fechamento de escolas, não diz respeito, apenas, aos 600 mil matriculados nas escolas estaduais do RN, ou nos 47 milhões de estudantes de todo o Brasil.

É um problema muito maior; Mais de 1.5 bilhão se alunos; 60.3 milhões de professores, em 165 países.
Este é o ponto: Quando a situação voltar a normalidades (se voltar). Comparar a situação do Rio Grande do Norte com qualquer um desses 165 países ou 26 Estados não estará fora de propósito.

A pandemia provocou o fechamento de escolas, em todos as 165 nações. Nessa crise sem precedentes, tanto educadores quando famílias inteiras tiveram de enfrentar a imprevisibilidade, obrigados a colocar em primeiro lugar a vida das pessoas.

Na China, onde o vírus apareceu e tudo começou, 240 milhões de crianças e jovens tiveram de se adaptar rapidamente ao fechamento das instituições de ensino e passaram a conviver com novos tipos de escolas, algumas delas implantadas antes de serem submetidas a um teste.

QUESTÃO NACIONAL

Nesses últimos 13 meses, desde meados de Março do ano passado, que a situação nacional tem contribuído para complicar, ainda mais a complicada situação global. Mesmo num breve espaço de tempo, passaram quatro Ministros, que deveriam comandar as ações nacionais de combate ao covid-19 e coordenar o uso dos recursos disponíveis para enfrenta-lo.

Dos quatro, o primeiro Ministro da Saúde, Henrique Mandetta demonstrava conhecimento de assunto e da existência de uma de um esqueleto de programa de atuação. Seu trabalho chegou a ser aprovado por mais de 70% da população. Talvez por isso foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, antes mesmo de ter definido um substituto para ele.

O segundo, Nelson Teich, não ficou um mês no posto e pediu demissão. O general Eduardo Pazuello, que foi designado interino, permaneceu 11 meses Ministro. Até a nomeação do paraibano Marcelo Queiroga, há poucos dias

Na Educação, o quadro do Governo não é muito diferente. Foram três Ministros, muita confusão e uma desigualdade gigante entre o sistema público e o privado de educação básica, a partir da enorme distância entre um e outro e os instrumentos à disposição de cada um…

DO TAMANHO DO BRASIL

Num país continental como o Brasil, com enormes desigualdades em mais de cinco mil municípios, as inevitáveis comparações terminam se multiplicando. Os primeiros estudos divulgados mostram que vai demorar muito tempo para a que a situação do ensino se normalize.

No limite, o ano perdido pelos estudantes poderia reduzir R$ um trilhão da renda dos brasileiros ao longo de meio século, estima o professor Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas em desigualdade. O dano seria equivalente a um Bolsa Família por ano.

Um estrago desse tamanho não deve se concretizar, porque parte dos alunos manteve algum tipo de atividade remota ao longo de 2020.

Por isso, empresas, governos e organizações do mundo inteiro não estão medindo esforços para mobilizar recursos e aplicar soluções inovadoras e adaptadas ao contexto para oferecer aulas remotas e encontrar soluções equitativas para os 1,5 bilhão de alunos que estão em casa.

É gratificante ver toda a mobilização para aportar recursos e conhecimentos especializados em tecnologia, conectividade, inovação e criatividade a favor da educação.

O FUTURO CHEGOU

Detentora de mandato popular, há 27 anos, sem interrupções, a governadora Fátima Bezerra nunca foi cobrada, nem precisou modificar o seu discurso contra “as velhas estruturas”, “as velhas oligarquias”, mas poucos, atualmente, tem mandato tão longevo quanto ela.

Eleita pelo PT, tudo o que está acontecendo com a educação no Rio Grande do Norte neste momento, uma hora vai terminar sendo cobrado dela, pessoalmente, assim como do seu partido.

E na cobrança futura, certamente terá de responder por tudo. Dai a necessidade de conseguir um discurso capaz de mostrar o seu esforço pessoal e o que conseguiu, sobretudo em relação aos vizinhos.

Até aqui o seu Governo, no RN, não encontrou uma maneira de apresentar uma atuação diferenciada, suprindo a falta de recursos com esforço para mudar a situação de milhares de norte-riograndenses que ainda ficam em casa mas esperam diminuir o prejuízo.

E continuam esperando apoio do governo e da governadora sob forma de um plano concreto para retomar as atividades escolares.

One thought on “Drama de Fátima é quando o presente se tornar passado

  • Rogério

    Alguém conhece UM ex aluno da Professora Fátima?

    Resposta

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