23 de abril de 2024
Gente que é notícia

Ele pintou a sucessão no RN, vencendo a censura do AI-5

Emanuel-Amaral-e-Garibaldi-Brasil

No ano de 1974, o Brasil dizia dar os seus primeiros passos em busca de uma abertura “gradual e segura”, e se tentou dar uma impressão de que aquele tipo de eleição indireta era democrática, embora disputada dentro de um único partido, a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) do Governo.

Assim mesmo, quando o presidente nacional da ARENA, o senador piauiense Petrônio Portella passou por aqui para “ouvir as bases”, ele saiu com seis nomes para serem sucessor do governador Cortez Pereira, que já não era o queridinho do Planalto: Dix-huit Rosado, Osmundo Faria, Reginaldo Teófilo, Moacyr Duarte, Antônio Florêncio e Geraldo Bezerra.

Como publicar o noticiário político quando nem havia política, nem muito menos noticiário, dentro do figurino do Ato Institucional número 5?

Luiz Maria Alves, velha raposa do jornalismo, e diretor do Diário de Natal/O Poti, na época com uma circulação que depois nunca se repetiria em Natal, resolveu prestigiar um menino que fazia uns desenhos e terminou virando chargista de primeira página. O que não se podia – ou não era conveniente – se dizer no texto, Emanuel Amaral colocava nos seus desenhos e o leitor entendia.

João Batista Machado era o repórter político, com acesso a todas as fontes, com enorme credibilidade e terminou fazendo uma dobradinha que consegui acompanhar em uma campanha política sem votos, decidida nos quartéis, e com seis candidatos cada um querendo queimar o concorrente nos seus dossiês.

E o Diário, com essa sua fórmula, mantinha o público informado.

Até que tudo apontava para a “eleição” de Osmundo Faria, que esteve escolhido até a véspera, quando o patrocinador de sua candidatura, o Ministro do Exército, general Dale Coutinho, morreu de repente, zerando o jogo.

Os seis sairam do páreo e o bruxo Golberi do Couto e Silva, General, Chefe da Casa Civil, criou uma nova fórmula com o nome de Tarcísio Maia, que terminou ungido e sacramentado.

Capítulo que que o talento e o traço de Emanuel Amaral e o texto de João Batista Machado preservaram para a história e estão à espera de alguém que se disponha a preservar aquele tempo.

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