25 de abril de 2024
Opinião

Eleição sem partido leva o Brasil a votar contra

8f1725fb-a249-40c3-ab86-b39faf0f959c

 

Cassiano Arruda Câmara- Tribuna do Norte – 08/12/21

O ano já está terminando, mas o nosso Rio Grande do Norte, ainda não agendou a questão dos partidos políticos que começam a sinalizar os movimentos no próximo ano, o ano de eleição, para Presidente da República, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual.

Começa pela dificuldade de estabelecer as diferenças entre os 35 partidos políticos existentes legalmente no Brasil. Aparentemente todos iguais na forma e no conteúdo.

E não acredite naquela história de que não existe nada mais fácil de que criar um partido político no Brasil. Jair Bolsonaro que o diga. Ele com a caneta de Presidente da República na mão, sentado na cadeira de Presidente da República, não conseguiu criar o seu partido e teve de se expor a algumas situações constrangedoras para escolher um partido que viabilizasse a sua candidatura à reeleição.

Terminou sendo obrigado a negociar com um dono de partido, o notório Valdemar Costa Neto, e filiou-se ao partido dele, o PL, que ainda está sofrendo as ajustagens para a acomodação dos novos integrantes aqui no Estado.

TUDO IGUAL

A filiação do mais importante eleitor brasileiro, o Presidente da República, terminou sendo feita num processo público inclusive com direito a uma desistência na última hora e uma discussão marcada pela troca de palavras ásperas.

Mas não se observou, nem mesmo na hora que se tinha de encontrar uma desculpa, ou se aventou alguma coisa parecida com divergências ou dúvidas com o programa partidário.
Além do PL, o Presidente tinha como alternativa um outro partido, o Progressistas, que foi a último partido de Paulo Maluf. Mas não rolou.

Entre “Liberais” e “Progressitas” é possível encontrar mais semelhanças do que divergências. Os dois partidos são as principais expressões do “Centrão”, grupo supra partidário que pratica uma diretriz inspirada na doutrina de São Francisco: – É dando que se recebe.

Um derivativo para o “toma lá da cá”, que tem o voto parlamentar como elemento de troca. Voto que tanto pode ser colocado para a conquista de uma nomeação, quanto para a liberação de um verba pública, tenha qualquer origem, inclusive iniciativa parlamentar.

O NOVO É O VELHO

Numa campanha atípica, com pouco tempo de exposição ao público, o candidato eleito, esfaqueado no meio de uma passeata em Juiz de Fora, cuidou primeiro da própria saúde.

E assim chegou ao Segundo Turno.

Não participou de debate. Quase não apareceu, tendo terceirizado a sua mensagem aparecendo para confessar que não entendia de economia, mas tinha um “Posto Ypiranga” (o economista Paulo Guedes), que resolveria todas as questões econômicas.

O Brasil elegeu um Presidente confesso de não conhecer economia, assunto por ele terceirizado…
No vácuo, os seus partidários verbalizaram uma posição contra a “velha política”, como doutrina, e provocaram a maior renovação do Congresso em todos os tempos. Por velha política entenda-se o jeito do “Centrão” fazer política, exatamente o modelo que adotou.

Tendo passado por mais de uma dúzia de partidos, o capitão desdenhou deles e disse preferir tratar com as bancadas temáticas, como a dos evangélicos, a dos ruralistas, ou seus antagonistas, a bancada dos ambientalistas.

Como Presidente tem sido o que mais fala, usando as redes sociais para transmitir os seus recados diários. Terminou criando a maior fábrica de crises da história.

CRISES & CRISES

E ainda teve de enfrentar a maior crise sanitária da história, uma pandemia que surpreendeu o mundo todo, desde que surgiu na China, há três anos, e foi chegando.

Por incrível que pareça, o Governo Bolsonaro demonstrava ter se preparado para enfrentar o Coronavirus, com o Ministro da Saúde, Henrique Mandetta (lançando a moda do jaleco ministerial) para manter a população informada, com sua presença diária na TV. Até ser demitido sumariamente, não pelo que tenha feito de errado, mas por ter se mostrado mais preparado do que o próprio Presidente na sua área de atuação. Fala-se numa crise de ciúmes, explicitada pela prole presidencial.

A equipe de Saúde do Governo tinha mais de 70% de aprovação popular, quando foi defenestrada do governo. Bolsonaro não tinha substituto. Um primeiro durou um mês. E ele improvisou um General da Intendência no lugar de Ministro da Saúde.

Resultado: – 600 mil mortes A maior tragédia registrada em toda a história do Brasil, como se 600 mil mortos fosse um fato normal e não existissem responsáveis nem culpados. Ai o Senado criou uma CPI…

CAMPANHA TARDIA

Com a CPI do Senado, verdadeiro campeão de audiência na TV, e a absolvição do ex-presidente Lula, o capitão Bolsonaro perdeu os tempos de tranquilidade, possibilitado por uma oposição incompetente e ausente. Ai foi a sua avaliação que começou a se desmilinguir.

Mas o Presidente não deixou passar a oportunidade. Partiu para o “nós contra eles”, sendo prontamente retribuído por Lula.
Com a polarização em torno de dois candidatos, a política brasileira começou a correr em busca de uma terceira via, tirando o espírito plebiscitário da eleição presidencial.

Legitimado pela vitória na primeira eleição primária do Brasil, o Governador de São Paulo, João Dória, sonha em representar o segmento da população, cansado de votar contra; em vez de dar um voto à favor.
Um voto a favor do Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *