28 de março de 2024
Opinião

Em mil dias, Bolsonaro brigou muito e trabalhou pouco

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Por Josias de Souza  no UOL

Reprovado por 57% dos brasileiros, Bolsonaro leva ao palco a encenação do governo eficiente.

Durante uma semana, o presidente e seus ministros desfilarão pelas 27 unidades da federação inaugurando pedaços de asfalto, obras antigas e ordens de serviço. O espetáculo da pujança é neto do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC de Dilma Rousseff, e filho do Pró-Brasil, a ficção desenvolvimentista que Bolsonaro lançou no ano passado. Feitas de pó, iniciativas desse tipo ao pó retornam.

O teatro do governo eficaz diverte Bolsonaro. Mas não resolve os problemas reais. Continua o impasse sobre as dívidas judiciais de R$ 90 bilhões que travam o reajuste do benefício do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Os preços da conta de luz, da gasolina e da carne continuam pela hora da morte. Para os brasileiros que sentem no bolso e no estômago os efeitos da carestia, a cenografia das inaugurações serve apenas para revelar um governo desorientado, comandado por um presidente que só pensa em renovar o mandato.

Ninguém ignora o desejo de Bolsonaro de se reeleger, com o apoio do centrão e o proselitismo de um Bolsa Família vitaminado. De acordo com as pesquisas, se a sucessão fosse agora, Bolsonaro iria ao segundo turno para ser derrotado por Lula.

Mas a eleição está marcada para outubro de 2022. E o que vem pela frente é insegurança econômica, ruína fiscal, denúncias e inquéritos. Sem a agenda que o elegeu em 2018, resta a Bolsonaro o centrão.

A última pessoa que acreditou na fidelidade dos caciques do centrão foi Dilma Rousseff. Deu no que deu.

Em mil dias de governo, Bolsonaro brigou muito e trabalhou pouco.

Deveria entregar austeridade e reformas nos dois primeiros anos, para pedir votos na metade final do seu mandato. Viciou-se no entorpecente do populismo fiscal. Para complicar, veio a pandemia.

O presidente não criou o vírus. Investigado no TSE e no Supremo e prestes a ser indiciado por vários crimes no relatório final da CPI da Covid, Bolsonaro está hoje mais perto do Código Penal do que da reeleição.

One thought on “Em mil dias, Bolsonaro brigou muito e trabalhou pouco

  • observanatal

    Em mil dias descobrimos o que já estava óbvio, desde o primeiro dia: Bolsonaro é um incompetente.

    Resposta

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