23 de abril de 2024
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EMPREGO DE CATEGORIA

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Tementes à anunciada privatização e sem terem  causado quase nenhum transtorno ou falta, os funcionário dos Correios estão encerrando mais uma greve,  com um ganho salarial que não cobre a inflação passada.

Empresa que tem evoluído com as mudanças e hábitos da sociedade e usuários, seus empregados estatutários resistem à ideia de mudar a administração para a iniciativa privada.

Há 50 anos, quem haveria de imaginar aqueles serviços entregues a outras pessoas que não aos expeditos agentes postais?


(Publicação original em 24/09/2019)


O TIO MALOTE

Recebeu de herança,  uma fazenda mais ou menos produtiva, no pé da serra.

Para ser dividida com um irmão.

Citadino por natureza, só foi conhecer seu quinhão quando pensou em vendê-lo para investir em novos negócios. Na urbe.

O armazém de secos e molhados do pai era o modelo a ser seguido. Começaria seu império empresarial com um pequeno negócio no mesmo ramo.

No tempo em que não se pensava em  coaches,  não poderia ter, sozinho, elaborado  melhor  estratégia.

Depois de estabelecido como homem  de negócios, de família tradicional, com tantos amigos, conversador que era, tinha tudo pra fazer uma bela carreira política.

Os bens rurais não se converteram em riqueza. O fraternal  sócio, com precisão de GPS em tempos de agrimensor, delimitou suas posses a uma imensa pedra.

Sem despertar o interesse de compradores, pela sólida propriedade, recebeu um irrisório pagamento.

Os planos da mercearia foram rebaixados para a categoria  bodega.

A vida pública e o  sonho de servir aos concidadãos, esbarrou na falta de votos para vereador. Em repetidas tentativas.

Como todo bom estrategista, identificou a hora de acionar o plano B.

E de entrar com toda a força  na onda desenvolvimentista do governo JK.

O irmão-deputado que já vinha colocando correligionários em pontos chaves da administração, conseguiria emplacar mais um funcionário exemplar.

Com uma única exigência. Que fosse  emprego federal, estável e maneiro.

Pauzinhos mexidos nos labirintos do poder e o providencial empurrão do Deputado Dioclécio Duarte, resultaram na publicação no diário oficial que só não agradou ao nomeado. Que queria posição de mais status. E remuneração.

Hélio Arruda Câmara, ao assumir, a contragosto, o disputado emprego público, podia imaginar tudo, menos que sua missão seria reconhecida um dia, não pela simples entrega de cartas,  mas por conectar pessoas, instituições e negócios no Brasil e no mundo.

Precursor do SEDEX, o Condutor de Malas Nível 1, nunca deixou de reclamar da árdua tarefa de transportar os malotes dos Correios e Telégrafos, da estação de trens para a agência da empresa. Do outro lado da via férrea, a não mais de duzentos metros de distância. Ladeira a baixo.

Nem dos políticos a quem mendigou, sem sucesso, uma promoção que o livrasse da subordinação ao intragável chefe.

Além de intransigente, Lelinho achava que Neco do Correio tinha um defeito incorrigível.

Era comunista.

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