18 de abril de 2024
Imprensa Nacional

Fábio Faria esquece armisticio e endossa crítica de Bolsonaro a governadores

Fabio-Farias-45-868x644 Trecho do loooooongo artigo do jornalista Reinaldo Azevedo no UOL desta segunda-feira. 

Fábio Faria, ministro das Comunicações, que já foi, vejam que coisa!, “dilmista”, converteu-se ao bolsonarismo roxo.

Era a esperança, segundo alguns, de haver um tanto de racionalidade no governo.

Mas quê… Jair Bolsonaro tem um dom, já revelado também no caso Paulo Guedes: ninguém que seja melhor do que ele próprio consegue melhorá-lo. Mas ele consegue piorar os que resolvem servi-lo. É claro que estes não são vítimas. Fazem-nos por gosto.

Faria foi ao Twitter e escreveu um troço boçal. Estava, claro!, referindo-se a João Doria, governador de São Paulo, mas preferiu usar um plural que atingiu a todos os governadores — notando que, ainda que individualizado fosse o ataque, já seria irresponsável o bastante no momento em que o país vive a pior fase da doença. Escreveu:
Desmontam os hospitais de campanha, vão pra Miami ‘sem máscara’ comprar na Gucci, fazem coletiva todos os dias que ngm suporta mais e quebram a economia sem o menor pudor. Tiveram tempo e dinheiro sobrando do governo federal!”

Quais Estados tiveram dinheiro sobrando? Ele deveria demonstrar. Também no twitter, o presidente recorre a uma conta malandra, listando o total de repasses de verbas federais aos Estados, inclusive aqueles determinados pela Constituição, como observou Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul numa resposta. E o presidente, por óbvio, não especifica o total de impostos federais arrecadados pelos Estados — a maioria deles já quebrados.

Afirmar que os governadores tiveram tempo e dinheiro de sobra não é apenas uma pusilanimidade, uma vez que a pressão gerada pelo colapso do sistema de Saúde recai sobre eles. É também é uma mentira grotesca. Tempo para quê? Como evidencia a ministra Rosa Weber, na liminar que ordena que o governo federal volte a financiar leitos de UTI, a verdade é outra: no que diz respeito a essa questão, o Planalto deixou os Estados à mingua.

Faria está dizendo que o Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) está mentindo? É falsa a conta, ministro, de que o governo federal financiava, em dezembro de 2020, 12.003 leitos de UTI e agora arca com o custo de apenas 3.187 — uma queda de 73,45% em dois meses, o que coincide com o momento mais grave da doença?

Despudorado é Faria ao acusar os governadores de quebrar a economia.

O Brasil tem um dos piores quadros da doença no mundo sem jamais ter feito, de fato, lockdown. Tivemos algumas medidas de restrição, umas mais severas, outras menos. Mas não chegamos a extremos de economias muito menos atingidas. O que está em curso neste momento, e deveria contar com o apoio do governo federal, são medidas que buscam apenas redução de danos.

Manaus, diga-se, foi a cidade que mais se aproximou da pregação bolsonariana. Deu no que deus. Quanto mais o vírus circular, maior a chance de surgimento de cepas resistentes. A do Amazonas já se espalha pelo Brasil e já cruzou o Ocenano.

Não existe mais nem mais a possibilidade de transferir doentes para unidades da federação com vagas ociosas. Porque vagas ociosas não há mais. Quebra a economia quem não reconhece a gravidade da doença, estimula a aglomeração, sabota os esforços de distanciamento social — que paralisia da economia não é — e espalha a indisciplina país afora.

MINISTRO MODERADO?

É acintoso que o ministro dito “moderado” diga essa estupidez porque se pode imaginar, então, o que gostariam de fazer os radicais. Não tivesse o Supremo reiterado o que está na Constituição — a responsabilidade compartilhada entre os entes da Federação para adotar medidas restritivas —, e podemos imaginar como estaria, a esta altura, o sistema de Saúde.

Que triste papel cumpre esse rapaz! Chegou a ser visto, no passado, como uma liderança que, vamos dizer, renovava as elites conservadoras no país. Não por mim. Mas é o que diziam. E, como se sabe, foi um entusiasta do governo Dilma. Talvez não com a mesma ferocidade com que se mostra agora um defensor do governo Bolsonaro — certamente mais afinado com suas origens, suas tradições e seus interesses.

Sugiro a Faria que participe da próxima live de Bolsonaro e anuncie a culpa dos governadores. E aproveite para também sabotar o uso de máscara, como fez seu chefe na quinta passada, acusando, ainda, os chefes dos Executivos estaduais de “quebrar a economia” com as medidas restritivas. Que defenda claramente que a vida volte ao normal.

Por que não faz isso? Que fique registrado! Os governadores, a cada dia mais, vão descobrindo com quem estão lidando.

3 thoughts on “Fábio Faria esquece armisticio e endossa crítica de Bolsonaro a governadores

  • Simona

    Bolsonaro está montando sua cama com lençóis egípcios para deitar e rolar em 2022. Esse que Faria alguma coisa e não faz, sabe disso e ajuda para também ter sua cama feita. Em 2022, tudo vai passar e o povo lerdo esquecerá o q passou….

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  • Este tal Reinaldo Azevedo É Deus, Sábio mais que todos, isto é o que ele imagina ser. Coitado é uma pessoa igual a qualquer outro procurando seu espaço e sua vitrine. A verdade não é a sua caro Reinaldo. Se enxerga !.

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  • Pedro Neto

    Tem que ser dado um fim nessa situação do país. Não há mais cabimento em se falar tanto sobre a tragédia que está se abatendo sobre o país, com esse desgoverno, e ninguém puxar o freio para parar esse jumentóide, junto com seus cúmplices militares e políticos de ficha suja. As verdadeiras instituições têm de exercer sua autoridade na defesa da democracia e da civilidade. Fora governo incompetente, corrupto, assassino e desumano!

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