18 de abril de 2024
ComportamentoFesta

FAKE FRIDAY

 

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O Dia de Ação de Graças, tradição de mais de quatro séculos nos Estados Unidos, resistiu a 2020, o mais difícil de todos os anos.

Sem conotação religiosa, o feriado nacional virou data mais celebrada que o Natal.

Cheia de simbolismos, originou-se em Massachussets quando cento e poucos peregrinos fugidos de perseguição religiosa na Europa, resolveram comemorar a boa safra e prepararam uma festa para agradecer aos céus e aos nativos por tudo que haviam colhido e  aprendido sobre plantações e caça.

É a celebração que mais reúne as famílias, no costume de  juntar parentes espalhadas pelo país.

A pandemia não impede que também este ano, aeroportos fiquem lotados e estradas congestionadas. Mas não foi como os passados.

Os perus que morrem nas vésperas das nossas comemorações, na América, continuaram abatidos de ante-véspera, no Thanksgiving Day, em número muito menor.

Pela tradição da troca de presentes, o comércio tem as melhores vendas do ano. Bombadas na Amazon e no resto da internet.

A quarta quinta-feira de novembro transforma o dia seguinte, o que seria para brasileiros um enforcado ponto facultativo, uma data excepcional para negócios.

Mestres em fazer de um limão, uma lemonade, a sexta-feira morta passou a ser reservada para as grandes liquidações.

De tudo que não foi vendido na altíssima estação mercantil.

Queima de estoques pra valer, com  tradição de longas filas, mesmo antes das aberturas das lojas.

Shoppings fervilhando de gente. Comprando tudo que não precisam, somente pelos preços realmente mais  baixos.

Muito diferente da macaquice.

No Brasil, sem qualquer vestígio cultural, foi importada somente a parte da liquidação.

E um nome apelativo, forte e politicamente incorreto.

Sem tradução, a sexta-feira negra pegou.

Ou alguém consegue imaginar o bombardeio de anúncios da TV falado na última flor do Lácio, como queria o ex-deputado comunista Aldo Rabelo?

Virou semana, depois, mês.  Não demora, teremos o ano todo retinto, de preços ditos  baixos.

No universo da procura e da oferta,  invertemos a ordem natural dos negócios.

Ninguém consegue explicar porque  o dinheiro, num passe de mágica (ou apelo publicitário) passa a valer mais, se não houve sobras de produtos  barateados por terem sido rejeitados.

Liquida-se tudo, incluídas novidades em lançamento e depois continuam  os mesmos preços para as compras de Natal.

Só é enganado quem quer. Ou gosta.

A sabedoria popular há muito decifrou a esfinge.

Na Fraude Negra, tudo pela metade do dobro.

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