25 de abril de 2024
Política

FALANDO FRANCAMENTE

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Virtude, não chega a tanto. Qualidade, ninguém duvida. Mas pode ser um baita de um defeito.

Deve ser bem dosada.

Como a retirada honrosa, não tão rápida como uma fuga nem tão lenta que pareça provocação.  Nem tanto ao inferno, nem tanto ao purgatório.

Tudo é uma questão de dose, tempero ou prisma.

O que na medida certa é salvação, em excesso pode ser fatal.

Há 15 anos, aos domingos à noite, o programa de maior audiência da TV, apresentava um filmete de no máximo cinco minutos, onde em situações as mais variadas, Salgado, um homem comum, assumia em cada episódio o papel de quem dizia a verdade. Somente a verdade. Duela a quien duela.

O personagem criado por Fernanda Young  e interpretado por Luiz Fernando Guimarães nunca  se saía bem. Nem mais ou menos.

O Super Sincero ainda durou cinco temporadas. Morreu de inverossimilhança.

Esquecemos que a verdade é indivisível. Conveniências é que obrigam a ser escondida  ou diminuída.

Reduzida à metade da cota, passa a ser mentira.

Sem reciprocidade alguma.

Uma meia mentira também deveria ser considerada uma verdade inteira.

No jogo político ainda há de se considerar intenções, interesses, circunstâncias e interpretações.

Recheado de bravatas, palavrões e porralouquices, a plateia apreensiva, com nervos de flandre, o filme  lançado na vesperal, alcançou píncaros de audiência, no pico da pandemia.

Sucesso de crítica, também pelo critério do falem mal mas falem de mim.

Agradou somente aos troianos mas até gregos querem que seja transformado em série.

Já tem roteirista escrevendo uma trama  que promete as mesmas emoções e outras revelações bombásticas, sob novos ângulos.

Serão nove homens e duas mulheres, todos de capas pretas, discutindo os assuntos mais variados.

Temas polêmicos, intrigas, influências externas e da mídia. Ao fim de cada capítulo, uma sentença. E mais uma  jurisprudência

A novidade é que, na ficção, as sessões não serão ao vivo e respeitando-se o decoro e o  linguajar erudito, xingamentos estarão liberados.

Com todo respeito e liturgia.

Vossa Excelência é um grandessíssimo bastardo.Vá tomar cajuína!

Abre-se também um vasto campo para estudos da psicologia das reuniões fechadas.

O analista de Bagé já desenvolve um estudo onde sugere que o vocabulário cerimonioso seja ampliado.

Para ser entendido de sul a norte.

Os galados vão achar de afudê. Tri arretado.

É só ter cuidado pra não magoar os governadores. Nem os qualiras, pirobos e boiolas. Muito menos, os titicas.

Ninguém sabe ao certo quando começa o declínio da sinceridade.

Não deve ser antes dos cinco anos, idade comemorada pelo neto, em quarentena.

Seu agradecimento ao presente do padrinho, recebido pelo Correio, é a melhor prova:

“Tio Lula, acho que você não tinha dinheiro pra comprar o que eu queria, mas gostei desse também”.

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