FILHOS DA PAUTA
O Curso para Autodidatas Aprendizes de Cronistas do Cotidiano em Tempos de Pandemia, tem deficiências.
A falta de preceptoria, faz do exercício diário, uma peregrinação pelo labirintos das redes sociais, em busca de assuntos aleatórios.
Que devem ter duas características essenciais.
Ser do interesse do escrevinhador. E que também possa chamar e prender a atenção do respeitável público.
A faina fica bem mais suave quando algum amigo nos faz relembrar estórias que não devem ficar em lockdown nas nossas memórias.
(Publicação original em 06/06/2019)
DUBLÊ DE TARZAN
Recebo a sugestão de um conterrâneo que tendo lido sobre o inesquecível Cine Éden, o Cinema Paradiso do Agreste, lembra de outra estória que ilustra bem a originalidade do seu proprietário.
Operando com velhas máquinas de projeção, convivendo com frequentes atrasos no recebimentos dos filmes e muitas reprises, apostou todas as fichas na exibição do mais recente Tarzan.
O filho das selvas era certeza de sucesso e casa cheia.
Com muita antecedência, cartazes criavam a expectativa para a fita com o mais fortão de todos os atores que já haviam representado o papel.
O ponto fraco não tinha quem desse jeito. Era estrutural. A qualidade do som (ou do barulho) do politeama.
Como ninguém ligava muito para os diálogos em inglês, as legendas garantiam a compreensão do enredo. E as emoções.
Na estreia, o grito do herói ao pular de um cipó para outro, fraco e distorcido, foi recebido com vaias, assobios e impropérios.
Aquele detalhe era uma ameaça à toda estratégia de recuperação da bilheteria.
Nada que uma solução com a grife Paulo Bezerra não tenha resolvido.
Contratou e treinou um rapaz de voz possante que por trás da tela, na hora precisa, ao vivo e em preto e branco, gritava o urro mais conhecido da sétima arte.
[aplausos]