HECHO EN PARAGUAY
Houve um tempo em que todos que iam ao vizinho país se contentavam em conhecer apenas poucos quarteirões de sua cidade-mercado.
O ditador caiu (de maduro) e levou com ele a homenagem transferida para o ponto cardeal.
A cidade de 300 mil habitantes continua porto inseguro para negócios e oportunidades.
O país mudou. Avançou. Arejou as idéias.Ajustou a Economia. Seguiu tendências.
Antes, a regra aceita era comprar o que os impostos escorchantes aqui proibiam, a indústria de informática tupinambá não sabia fazer e correr o risco de não chegar em casa com a mercadoria.
Médicos, vendedores, magistrados, vereadores.
Reuniões, congressos encontros, simpósios.
Todos marcados no lado de cá da tríplice fronteira, aberta por pontes, para fotos mais panorâmicas nas herdades argentinas e à muamba de então sofrível qualidade chinesa.
Viajar, comprar, sonegar e revender, virou profissão tão procurada que a disputa por clientes exigiu um ringue só para essa luta.
As feiras se espalham por tudo que é periferia, repetindo o sucesso das guarânias de Perla.
A proximidade, semelhanças e misturas criaram uma nova nação.
Brasiguaios.
Gente de muito trabalho e fé que ajudou no crescimento que muitos poucos alcançaram no continente.
Investidores fizeram as contas. Diminuíram da carga tributária e dos entraves trabalhistas os custos de transporte, e levaram para lá os empregos que os retirantes nordestinos costumavam encontrar no sul maravilha.
Os problemas foram junto. Guiado pelos faróis das oportunidades, o submundo instalou também sua filiais e consulados.
Dominam.
Tráfico, drogas, armas, presídios.
Sócio na geração de energia, o vizinho que quase não incomoda, não reporta catástrofes naturais, pouco antes da pandemia, foi abalado pela presença do ex-ídolo do futebol que entrou pela porta errada. E numa fria.
Intenções futuras à parte, está recebendo a dura lição que as coisas mudaram e que, da mesma forma que sua fama e figura já fizeram com tantos produtos, é o melhor garoto-propaganda que poderiam ter encontado.
Para mostrar um país diferente do falsificado pelo imaginário coletivo.
Sem pagar cachê.