28 de março de 2024
Cidades

HÓSPEDES DO PASSADO

31EB3AF1-3805-4C29-A375-1E115AB046A9O pastoril não pode parar.

Na terra dos opostos, encerrada a votação e dado o comando enter no resultado da eleição presidencial, foi logo entabulada outra ferrenha campanha.

Dessas que ninguém se abstém nem vota nulo. Nem fica em cima do muro.

Diana não há de ter.

Ou se foi (já podemos usar o pretérito perfeito do indicativo?) a favor ou contra a demolição do prédio em ruínas na beira da praia.

A edificação, às quedas, tal muitos saíam das suas boates nas altas horas, apesar de valiosa e ter dono, parecia abandonada.

E como qualquer achado não é roubado, quem encontrou nela,  alguma serventia, fez bom ou mal uso.

Para muitos, sem outro teto, abrigo do sol, da chuva e dos ventos das madrugadas frias, o último refúgio.

Para os mesmos e assemelhados, área livre para atividades proibidas em outros lugares.

Continuou ninho de amor, como no passado, dizem, foi dos figurões e suas companhias importadas a preço de vaca holandesa.

Na Londres Nordestina, uma réplica de Cristiânia, território livre, sem lei e alguma ordem, de Copenhague.

Mesmo quem nunca  passou além da calçada, sente-se um pouco dono do pedaço.

Construído pelo governo, com dinheiro público.

Dos impostos tupiniquins. Ou cherokees.

Suados ou da Aliança para o Progresso, não importa.

Nossa grana.

O descaso virou vergonha para quem mostrava a cidade aos visitantes.

E comparação inevitável com outras orlas melhor  cuidadas. Como as de Miami das Areias Pretas.

Reminiscências.

9DA9C8EE-D59D-490B-B2C7-70C171E65E18Procurando sempre se encontra.

Dos frequentadores saudosos.

Dos antigos funcionários.

Das noivinhas.

Dos leitos nupciais.

Dos embalos dos sábados e de todas as noites.

Das noites do Havaí, muito antes das no Tahiti (nunca tombado).

Das entrevistas dos potentados e das celebridades.

Dos craques do futebol e seus autógrafos.

Das festas de alegria e esplendor.

Das jovens misses que seus estados representavam, em desfile.

Dos escroques só revelados depois do checkout, na última página do Diário.

Até do frangote, adolescente, púbere, recordando as melhores manhãs de domingo de sua vida, na piscina mais bonita do mundo.

No futuro, esta história haverá de  ser preservada em fotos nos salões do Grande Hotel Albergue da Juventude, na renovada  e efervescente Ribeira.

Por que não abraçar esta ideia?

Ellen de Lima “Canção das Misses”

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