19 de abril de 2024
Política

IMPEACHMENT NUNCA MAIS

 

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Parlamento – Eugenio Lucas Velázquez (1817-1870)

O Brasil não é para coerentes.

Se perguntarmos a um alienígena, habitante de algum planeteco de Alpha Centauri que acompanhe o que se passa no seu similar azul da vizinha Via Láctea, ele haverá de responder que de tudo que sabem das observações à distância , não dá pra entender o sistema político que governa um certo país, ao sul. Sempre ardendo em chamas, em crises e em ebulição.

O moço do disco voador, com tanta estrela por aí, talvez não tenha tempo de ler a história desse mundinho de Deus do qual os portugueses abriram mão e deixaram pra cá.

Foi reino (unido) e império. Tornou-se república mas os eleitos  quiseram sempre governar sozinhos como imperadores fossem.

Tudo começa nas campanhas eleitorais.

As promessas mirabolantes, facilmente percebidas sem a menor chance de serem cumpridas, ganham adeptos e inspiram a formação de novas seitas de fanáticos.

Quem assume o poder, apesar dos pasteurizados discursos de posse, conclamando a união de todos, querem mesmo agradar uma banda só.

Que seja um pouco maior do que a metade dos adversários.

A bússola é consultada nos gráficos dos institutos de pesquisas.

Programas de governo só servem para convencer para a repetição do voto na reeleição.

E quando esta não for mais possível, que seja ungido nas urnas,  um poste.

Que não reclame heranças malditas, nem tenha o hábito de olhar pelo retrovisor.

A democracia republicana ainda não conseguiu moldar os três poderes em trindade divina e não é por falta de santos. 

É por excesso de pavonice, um mal incurável que contamina os que conseguem ascender  ao planalto central.

Quando o primeiro imperador teve de deixar uma criança pastorando a nação que engatinhava, para ser rei além-mar, foi que quase tudo começou.

Quem ficou mandando  na josta que nem saneamento básico tinha?

Na onda das novas formas de governo, a república copiada dos brothers do norte foi recebida com festas e  entregue aos marechais.

Fumou-se tanto cachimbo na pindorama que as bocas entortaram.

O traço fisionômico, hereditário foi sendo transmitido às novas gerações, involuindo ao ponto de ser permitido o comando, a oficial de baixa patente e pouco tempo de caserna.

Como na política, pássaros queimados não renascem das cinzas, outros saem em vôos cada vez mais baixos, titubeantes, sem a altivez que o voto popular concede ao líder do bando, na formação em V de vitória.

O curto e mal-sucedido período de parlamentarismo que manteve sob rédeas curtas um vice-presidente suspeito de avançar nas reformas sociais, inibe que se volte a adotar o sistema que funciona e dá certo na maioria dos países, repúblicas, reinos e  monarquias.

Suspenso o mando pelos representantes do povo reunido em assembleia, mais um fruto envenenado brotou no solo fértil das tramas políticas.

O impeachment, esquecido num canto da biblioteca das leis é prontamente encontrado quando se quer ou se precisa mudar rumos ou o mestre-arrais (pra não falar n’Ele não) do barco furado,  à deriva.

Tudo que se precisa é mudar o que é longo, demorado e paralisante, por um ato simples que pode ser reproduzido quantas vezes preciso for.

Pelé e Centrão à parte, um voto de confiança no primeiro-ministro (ou não), resolve.

E estamos conversados.

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1963

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