18 de abril de 2024
Educação

INESQUECÍVEL QUITUTE

A escola de aldeia em 1848 (1896) Albert Anker – Museu de Arte de Berna, Suíça

 

Explicar ao neto que o leite que ele toma não vem da Fazenda Supermercado, da geladeira, nem da caixa de papelão tetrapak, requer uma incursão ao YouTube.

Ou uma madrugada na propriedade, para o passo a passo do aperta-segura-e-tira das tetas holandesas.

Há cinquenta anos e mais um pouco, o sistema educacional era  mais simples de entender.

Nem precisava de ministro da educassão  fazer continhas com chocolates, na live da mais alta autoridade da república

Quatro anos no Ginásio e mais três de Científico ou Clássico, era a grade, e o currículo escolar.

Escolas públicas com ensino de boa qualidade; colégios religiosos,  com um pouco mais de fama.

Ensino superior, único, gratuito, igual para todos. Sem cotas. Sem bronzeamentos artificiais. Sem perucas. Vagas no funil de um exame vestibular superseletivo.

A carência de  professores dava chances aos estudantes da única universidade receberem antecipadamente o grau informal de mestres. E um dinheirinho extra no bolso.

Alunos que se destacavam, eram recrutados para  aulas nos estabelecimentos públicos e privados. E sem nunca terem cursado didática, pareciam nascidos para a docência.

Concluíam seus cursos de Direito, Engenharia ou Medicina, e depois, brilhavam nas suas profissões.

O colégio particular, de irmãos, quase padres, resolveu inovar, e passou a dar prioridade a egressos de cursos superiores do magistério.

Exclusivo para meninos (num tempo em que não se podia optar pelo sexo aos seis anos de idade),  mantinha entre  minorias, docentes do gênero oposto aos discentes.

A nova professora de Geografia, carregada com o peso dos elogios da apresentação pelo irmão-diretor, escolheu, na primeira aula, discorrer sobre as regiões brasileiras.

Quando chegou ao Sudeste, passando por Minas Gerais, nos seus aspectos sócio-econômicos,  demorou-se na importância da ainda inexistente, no nosso estado, indústria de laticínios.

O aluno mais perspicaz notou logo que a mestra manjava pouco do que falava.

Principalmente, quando tirava os olhos da ficha da aula.

Estava fazendo confusão do que era leite, lata e leite em pó enlatado.

Para não restar nenhuma dúvida, capciosamente, o interessado discípulo perguntou se carne em conserva também pertencia ao mesmo grupo de alimentos.

Claro. O maior dos laticínios, é o kitut de carne de boi.

 

O que exame escolar (1862) – Albert Anker – Museu de Arte de Berna, Suíça

 

(Parte deste texto está conservado em lata digital desde 11/06/2019)

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