19 de abril de 2024
Judiciário

INVESTIGAÇÃO EM SUSPENSE

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A perplexidade pela participação meteórica em estória misteriosa que só os bons autores de telenovelas conseguem imaginar, só deixou curiosidade.

O personagem que nem chegou a entrar no enredo e na versão final, deverá merecer, se muito, uma citação de passagem, gostaria de saber o destino do resto do elenco e como  terminou toda a trama.

É pouco provável que algum dia saiba quem comprou, quem vendeu.

Se na propriedade, criam vaca ou plantam cana.

E o mais intrigante.

Quem é o defunto de Larrabetzu?


(Publicação original em 16/08/2019)


TRANSAÇÕES SUSPEITAS

Os smartphones surpreendendo sempre.

Mais uma das suas mil utilidades é revelada.

Mostrou-se melhor que qualquer método para testar os corações que já batem fora do ritmo,

Basta um simples telefonema (os aparelhos ainda têm esta função) da secretária doméstica.

A duração do exame é o tempo que se leva entre o local onde se deixa de fazer qualquer coisa, a casa e a leitura do documento deixado pelo Ministério Público.

Uma notificação com prazo de cinco dias para comparecer à Promotoria de Canguaretama prestar esclarecimentos.

Arrefém investigação criminal com o objetivo de averiguar ilicitude na compra e venda de fazenda em Sagi em que um senhor de longo nome espanhol e o ex-secretário estadual de saúde estariam firmando “transações suspeitas”.

Nome e endereço do ex, corretos.

Qualificação idem, que do cargo ocupado por 1/67 dos anos vividos, ninguém consegue tirar a inhaca.

Local da ocorrência, conhecido. De passagem.

Há bons vint’anos, em passeio pela beira-mar, de buggy, até a foz do Guaju.

Nenhum conhecimento se as terras são agricultáveis ou servem para criação de zebuínos.

Só que tem uns índios tabajaras por perto.

Do vendedor (ou comprador), nem a menor e mais vaga lembrança.

A memória já claudica.

Em busca do elo perdido, qualquer maneira de achar, vale a pena.

Consulta ao fichário da clínica, com muitos estrangeiros, quedou sem registro.

Uma rápida hackeada pelo Google, e surge homônimo como parte de processo na Justiça Federal envolvendo questões de loteamentos.

Seguindo a pista, qual um greenwald caboclo, talvez fosse o ibérico, dono do terreno ao lado de mi vivienda. Sempre há um rastro. Vai ver, deram o endereço do gringo com número trocado. Debalde.

Ou sabe-se lá, em alguma carraspana na Barra do Cunhaú, embriagado de súbita riqueza, pudesse ter botado preço em alguma ganaderia.

Até mesmo um anúncio fúnebre de quatro anos atrás, em Larrabetzu, província de Biscaia, País Basco, foi encontrado.

Outro Dom José Ignácio com tantos apellidos iguaizinhos?

Em tempos de domínio do fato, tudo é possível.

Até comprar propriedade de defunto.

Com as informações recolhidas, as providências práticas para a audiência.

Pilates e agenda de trabalho, canceladas.

Companhia para a viagem, acertada com sobrinho (de verdade).

Num rasgo de lucidez, refletindo como um Mané, a solução.

– Sou casado mas não me chamo Joaquim, nem moro em Niterói.

Um respeitoso ofício eletrônico solicitando a transferência da oitiva para a capital, deu resultado.

No reply:

“Em verificação ao procedimento, analisando folha por folha, percebemos que realmente houve um infeliz equívoco e que a notificação era para outra pessoa, não havendo nos autos menção sobre o seu nome.

Pedimos desculpas pelo incômodo e informamos que pode desconsiderar a notificação.”

As coronárias agradecem.

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