29 de março de 2024
FilosofiaPolítica

IRREFUTÁVEL SOLIPSISMO

51E1E249-3AE0-4040-ACB0-0EF8153C4898
Edvard Munch – (1863-1944)


Das criadas pela inteligência dos humanos, respeitadas crenças no sobrenatural, a
internet  é a entidade que mais modificou valores, costumes e a vida das pessoas.

Ocupando o etéreo território da blogosfera, tem respostas para tudo e lugar para qualquer e todo tipo de assunto.

Uma plataforma em particular, tem atraído curiosos e insatisfeitos com as explicações das enciclopédias digitais tradicionais, as mais acessadas.

Lá está localizada a sedutora aldeia onde habitam as soluções para todas as dúvidas e incertezas.

Quora, a meca do saber, é a esfinge que decifra tudo e não devora ninguém.

Aberta, acessível sem restrições, gratuita.

Funciona com regras simples.

A pergunta é postada e quem souber a resposta, escreve o que bem entender.

Não há filtros, nem censura.

São os próprios usuários que fazem a edição.

A questão é saber quem responde.

Pode ser um expert no assunto.

Ou um farsante a se divertir com a ignorância alheia.

As opiniões não garantem a confiança no material.

As bios ajudam.

Os microcurrículos identificam os saberes e dão peso aos esclarecimentos.

Pode vir de um professor, na maioria ex, um curioso, um físico, estudioso ou até um presidente da maior potência do mundo, depois de deixar o poder e perder seu batalhão de assessores que de tudo sabem um muito.

Os filósofos escolheram o pedaço, a praia onde mergulham no oceano do conhecimento, em busca dos tesouros afundados com os galeões que carregavam os segredos da vida.

Alguns exageram, como à procura de pergunta sem resposta, estivessem.

A uma delas, poucos reagiram, deixando a interrogação solta no ar, sem teto para pousar na pista da Filosofia.

O Solipsismo é realmente irrefutável?

O que acham os queridos leitores?

Se a realidade está mesmo reduzida ao indivíduo que pensa, se o que importa são as próprias sensações, se os outros são meros coadjuvantes sem existência própria, é de se concluir que não deveria restar uma única dúvida. Muito menos, em tela de smartphone.

Doutrina filosófica sem patronos, é incrível que o Solipsismo tenha  sobrevivido desde os tempos pré-socráticos, sem discípulos que a pudessem transmitir às próximas gerações.

Praticada por monges, monjas e monjes em suas clausuras, é de se pensar que também tenha adeptos vagando pelas ruas, vivendo de esmolas ou presos por trás das grades das drogas alucinógenas ou confinados nos pavilhões dos nosocômios psiquiátricos .

Não é difícil a identificação do brasileiro solipsista que foi mais longe.

O mais bem sucedido e poderoso.

Depois de 29 anos isolado na bancada do fundão, deu um único salto solo e sem o paraquedas de um partido político de verdade, aterrizou no planalto central, na selva  repleta de lobos vorazes.

Fechado em si, não muda convicções nem admite pensamentos divergentes.

O que bem explica o número de auxiliares descartados.

Nunca  escondeu o desejo de ser o único a ditar regras e condutas.

A Ciência, não aceita.

O que vale é a obstinada ideia fixa das soluções mágicas e o credo que tudo é natural, a ser resolvido pelo tempo, independente do preço pago em sofrimento e mortes.

Quem se considera ungido por Deus, sempre estará preso na solidão.

5C15CB9E-97B8-4137-89BA-B4F9EAC22165

 Edvard Munch

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *