JACARÉS, LOBISOMENS E BOI TAN TAN
Depois que descobriu o Nordeste, o Presidente voltou aos índices de popularidade que o elegeram sem ter vencido em nenhum estado da região.
O inesperado fenômeno surgiu ao acaso, no rastro de destruição que a pandemia deixou e tem resistido aos seus atabalhoados comentários.
Como em causticante seca, o auxílio emergencial aliviou a situação de muitos e salvou quem não tinha mais do que sobreviver.
Se na vitoriosa campanha, 30% da população foi ignorada, sem a tendência de reversão do eleitorado cativo e fiel, agora são outros os ventos, acenos, vivas.
E seiscentos.
Para manter o patrimônio recentemente adquirido, ou continua com a ajuda mensal que vicia o cidadão, ou procura entender a alma e o pensamento dos cabeças-chatas.
Nas voltas iniciais dos ponteiros, no primeiro ministério, ninguém da região. Nenhuma viagem triunfante.
Obras que vinham em ritmo de valsa, aceleradas, ganharam nova roupa domingueira e iguais promessas de sempre, desde que o Imperador Pedro II anunciou a venda das joias da coroa, sem que tenha encontrado comprador.
A dinâmica da política mostrou ao incorrigível enfant terrible que a regra de ouro para continuar dando cartas no jogo é, primeiro, sobreviver.
Mesmo que tenha que repetir o sociólogo antecessor, e sem ter escrito muita coisa, para o que falou antes da vitória, lance pedidos de esquecimento.
As tormentas e vendavais varreram do convés da errática nave, marinheiros de primeira viagem, caroneiros e até lugares-tenentes que estavam a bordo para orientar o capitão-mor em mares traiçoeiros.
Se quiser renovar o mandato, desta vez, não tem como desprezar paraíbas e baianos.
Povo que gosta de festa, foguetão e agrado.
Tem muita água ainda a rolar nos canais da transposição mas não custa procurar entender o mugido da boiada.
Pegou mal dizer que todo maranhense é boiola. Alguns gostam de coca. Outros, de coca que é fanta.
Essa estória de virar jacaré, é mais um equívoco. Pelo norte, não é questão de vacina. Só acontece quando mulher cruza com mulher.
Não é bom nem falar como nascem os lobisomens. Acaba reforçando a fama que pequena, já não é.
Apesar das dificuldades de compreensão de alguns pensamentos, versados em carioquês, o milagre da comunicação se faz.
Identificação é o que resulta. E chamam.
Os mesmos que elegeram duas vezes a mulher e votaram no filho de Lula, não vão querer tomar a vacina sem a receita do homem que o Brasil estava precisando.
Cansado de repetir que não gosta do que vem da China e não acredita no boi tan tan, Bolsonário não ficará só, pastorando o rebanho.
Para dominar geral, falta muito pouco.
Nas lives, uma singela estátua do Padim Ciço em cima da mesa, cairia bem.
E se disser que recebeu de presente de parentes e aderentes do Ceará, da família da patroa, não tem pra ninguém.
Uma promoção de posto seria outro gol de craque, em terra de tantos coronéis que nunca sentaram praça.
O povão não entende.
Com tanto poder, que um presidente da república não tenha direito à patente de General.
Ou quem sabe, Marechal.