19 de abril de 2024
Memória

JUSTA E MERECIDA REPETIÇÃO

 

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Mulher e Criança (1936) – Cândido Portinari – Museu de Arte de São Paulo

Quem conta estória de criança e já avista a septuagésima primavera no horizonte, não deixa de lembrar o mestre no fascinante ofício.

Há dois anos, aqui neste pedaço de tela de smartphone, foi publicada uma delas. Homenagem ao autor,  falecido há 20 anos, e prova que o território não é livre de repetições, quando assim pede, um  fiel e raro leitor.

UM AMOR DE GRUDE

Criança diz cada uma!

Autor deste e de mais de cem títulos.

Do monólogo de longevo  sucesso, ‘As Mãos de Eurídice’, declamado por décadas, por Rodolfo Mayer e mais de centena de atores, em mais de meia centena de países.

De Dona Xepa, peça que virou uma daquelas imorredouras novelas de TV.

Tão inesquecível que mesmo depois de tanto tempo,  o (a) leitor(a) com mais de 40 vai lembrar da atriz do papel-título.

Yara…lembrou não?… Cortes.

De outros tantos livros infantojuvenis.

De músicas. De reportagens.

De críticas teatrais. De entrevistas.

Ainda arrumou tempo para ser médico. No tempo em que nem antibióticos havia. Pioneiro numa especialidade que ajudou a tornar  tão abrangente que virou um curso à parte. E nova profissão. Fonoaudiologia.

Só no elenco dos cantores (do brilho de João Gilberto e Roberto Carlos), sua clientela dava pra fazer mais de um LP com as 14 mais.

Semanalmente,  trazia  graça à revista dos primos. ‘Aconteceu, virou Manchete’. Estórias do  consultório.  Universo e mundo das crianças.  O inusitado sempre presente.

O  ramo mais destacado da sua frondosa obra.

Quem sabia ouvir e falar a linguagem dos pequenos,  estará sempre na lembrança dos avós quando surgir uma pergunta inesperada ou uma resposta desconcertante.

Como na volta de uma viagem dos pais dos netos.

Depois de  quinze dias de saudades, insuficientemente recompensadas por muitos presentes, um demorado e apertado abraço.  E a declaração sussurrada.

Mãe,
Vou passar cola em mim. Para nunca mais desgrudar de você.

Ave, Édipo Rei!
Salve, Pedro Bloch!

  

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Pedro Bloch (Jitomir, Ucrânia – 1914; Rio de Janeiro – 2004)

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